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jornaldodiaadia

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Algumas teorias surrealistas que pretendem explicar a homossexualidade,

A razão pela qual existem gays e lésbicas continua a intrigar alguns cientistas e milhares de usuários da internet que compartilham dúvidas e teorias absurdas que às vezes só perpetuam falsos estereótipos e crenças sobre esse grupo. Eis aqui algumas delas,

- Comer frango. O presidente boliviano Evo Morales disse em um comício que os homens que comem frango com hormonas“têm um desvio em seu ser como homens”.

- Fazer xixi no final de um arco-íris, de acordo com uma lenda que corre em Hellín, na cidade espanhola de Albacete.

- Ter pais homossexuais. Em 2003, quando o político socialista Rafael Simancas quase ocupou a presidência da Comunidade de Madrid, prometeu rever a lei de casais de fato para que incluísse os casais homossexuais. Diante do anúncio, o jornal ultra-conservador La Razón publicou uma reportagem – replicada por vários sites católicos como Catholic.net– em que vários especialistas desaconselhavam essa opção: “Com dois anos, uma criança ignora conscientemente se é homem ou mulher Essa identidade é aprendida com aqueles que estiverem ao seu redor na infância. Por isso a criança tem o direito de ser formada em uma família”, dizia uma das especialistas citadas.

- Fumar durante a gravidez. Dick Swaab, professor de neurobiologia da Universidade de Amsterdão, publicou um estudo em 2014 sugerindo que o consumo de álcool e drogas durante a gravidez podia reduzir o QI do bebê. Além disso, afirmou que as hormonas sintéticas e o fumo aumentavam a possibilidade de que as meninas fossem lésbicas ou bissexuais, segundo publicou o jornal The Telegraph.

- Ruby Rose. A atriz australiana, a mais recente novidade no elenco da série Orange Is the New Black, provoca a mesma atração em homens e mulheres com sua atitude, explica o The Huffington Post.

- Tinki Winky dos Teletubbies. A Defensora dos Menores da Polônia, Ewa Sowinska, anunciou em 2007 que os psicólogos  iriam estudar se um dos Teletubbies, o arroxeado Tinky Winky, promovia ou não a homossexualidade entre as crianças. Sowinska voltou atrás dias depois por meio do seu porta-voz.

- O Pokemon torna você gay. A igreja norte-americana Credo Dollar Ministry, de Atlanta, acredita que esse desenho animado perverteu a sexualidade dos adolescentes de 1985 até a década de 1990 devido à relação entre o herói Ash e seu companheiro Brock. O portal cristão de notícias Christian News também acrescentou que os nomes e “as formas fálicas” dos Pokemon “empurram os jovens para a homossexualidade”.

- Fumar canabis. Um estudo da Universidade Popular Autónoma do Estado de Puebla, no México, garante que fumar canabis diminui os níveis de testosterona no organismo e isso pode levar a ter tendências homossexuais.

- Ouvir Adele. John Smid, médico do Texas, entrevistado num programa da emissora de televisão britânica Channel 4, constatou que as canções da cantora britânica podem mudar as tendências sexuais.

-  Comer soja. A comunidade judaica ultraortodoxa Gur Hasidim afirmou em 2013 que comer soja faz você se tornar gay.

- Frozen:  “Às vezes alguém se pergunta se aqui está acontecendo algo nocivo... Eu me pergunto se as pessoas estão pensando: 'Acho que esse pequeno e encantador filme vai doutrinar a minha filha de 5 anos para ser lésbica ou para que a homossexualidade e o bestialismo sejam vistos positivamente’”, disse o pastor Kevin Swanson, da Igreja da Reforma, em seu programa de rádio que vai ao ar no Colorado, segundo publicou o portal BBC Mundo.

- A água. O prefeito de Huarmey, no Peru, advertiu os habitantes da cidade que a água da torneira pode transformá-los em homossexuais, pois contém níveis elevados de estroncio, que “reduz as hormonas masculinos”, segundo o diário Público.

- Os supositórios. Um médico substituto do Centro de Saúde de Breda, em Girona, se recusou a prescrever supositórios para um menino de 13 meses que tinha febre porque, como explicou à mãe, se receitados desde a infância “podem induzir a homossexualidade”, publicou em 2005 o portal Libertad Digital.

- Este artigo. Atenção! Talvez depois de ler este artigo você já seja gay.

Bastam 66 dias para mudar um hábito,

Mudar alguns hábitos está ao alcance de todos. Para isso, são necessários dois ingredientes importantes: escolher uma mudança que seja coerente com sua escala de valores e treinar até que se torne um hábito. Pouco além disso.

Nada é “obrigatoriamente” para sempre, sequer o que se escolheu como hobby, profissão ou local de residência. A ideia de que podemos ser quem desejamos, praticar novos desportos, aprender outras culturas, experimentar todas as gastronomias, ter outros círculos de amigos... transforma uma vida parada em outra, rica em oportunidades e variedade.

O cérebro é plástico. As pessoas evoluem, desejamos mudar, crescer interiormente, e estamos capacitados para isso. Ficaram para trás as teorias sobre a morte dos neurônios e os processos cognitivos degenerativos. Hoje sabemos que os neurônios geram novas conexões que permitem aprender até o dia em que morremos. A plasticidade cerebral demonstrou que o cérebro é uma esponja, moldável, e que continuamente vamos reconfigurando nosso mapa cerebral. Foi o que disse William James, um dos pais da psicologia, em 1890, e todos os neuropsicólogos hoje em dia confirmam as mesmas teorias.

O próprio interesse por querer mudar de hábitos, a atitude e a motivação, assim como sair da zona de conforto, convidam o cérebro a uma reorganização constante. Esse processo está presente nas pessoas desde o nascimento até a morte.

Nesta sociedade impaciente, baseada na cultura do “quero tudo já e sem esforço”, mudar de hábitos se tornou um suplício. Não porque seja difícil, mas porque não abrimos espaço suficiente para que se torne um hábito. Não lhe passou pela cabeça alguma vez que, ao começar uma dieta, as primeiras semanas são mais difíceis de do que quando já está praticando há algum tempo? É resultado desse processo. No início seu cérebro lembra o que já está automatizado, o hábito de beliscar, comer doce ou não praticar exercício, até que se “educa” e acaba adquirindo as novas regras e formas de se comportar em relação à comida.

“Todo homem pode ser, se assim se propuser, escultor de seu próprio cérebro"

A neurogénese é o processo pelo qual novos neurônios são gerados. Uma das atividades que retardam o envelhecimento do cérebro é a atividade física. Sim, não só se deve praticar exercícios pelos benefícios emocionais, como o bem-estar e a redução da ansiedade, ou para ficar mais atraente e forte, mas porque seu cérebro se manterá jovem por mais tempo. Um estudo do doutor Kwok Fai-so, da Universidade de Hong Kong, correlacionou a corrida com a neurogénese. O exercício ajuda a divisão das células-tronco, que são as que permitem o surgimento de novas células nervosas.

Existem outras práticas, como a meditação, o tipo de alimentação e a atividade sexual que também favorecem a criação de novas células nervosas.

Uma vez que a reorganização cerebral é estimulada ao longo de toda a vida, não há uma única etapa em que não possamos aprender algo novo. A idade de aposentadoria não determina uma queda, nem completar 40 ou 50 anos deveria ser deprimente. Todos que tiverem interesse e atitude em relação a algo estão em boa hora, poderão aprender, treinar e tornar-se especialistas independentemente da idade. Se você é dessas pessoas que se dedicaram durante a vida a uma profissão com a qual viveram relativamente bem, mas ficaram com o desejo de estudar Antropologia, História, Exatas, Artes Plásticas ou o que for, pode começar agora. Não há limite de idade nem de tempo para o saber.

Não deixe que sua idade o limite quando seu cérebro está preparado para tudo. A mente se renova constantemente graças à plasticidade neuronal.

Até há pouco tempo pensava-se que modificar e automatizar um hábito exigia 21 dias. Otimismo demais! Um estudo recente de Jane Wardle, do University College de Londres, publicado no European Journal of Social Psychology, afirma que para transformar um novo objetivo ou atividade em algo automático, de tal forma que não tenhamos de ter força de vontade, precisamos de 66 dias.

Sinceramente, tanto faz se forem 21 ou 66! O interessante é que somos capazes de aprender, treinar e modificar o que desejarmos. O número de dias é relativo. Depende de fatores como insistência, perseverança, habilidades, das variáveis psicológicas da personalidade e do interesse. A mudança está em torno de dois meses e pouco. O que são dois meses no ciclo de nossa vida? Nada. Esse tempo é necessário para sermos capazes de fazer a mudança que desejamos. E isso nos torna livres e poderosos.

O dia em que o Facebook censurou o sofrimento de um rapaz gay

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Sou homossexual e me dá medo pensar no futuro e na rejeição das pessoas”. Esta frase, que na boca de qualquer adulto certamente seria dolorosa, adquire contornos trágicos se a atribuirmos a um menino de dez anos. E se além disso o autor dessas palavras se atreve a dar o passo de compartilhar sua inquietação no Facebook e os responsáveis pela rede social decidirem censurar seu drama, o escândalo não pode ser maior. Foi isso o que aconteceu na tarde de sexta-feira na célebre página Humans of New York, uma das mais populares do Facebook. Essa balbúrdia digital seguida por 13 milhões de usuários há anos publica imagens de nova-iorquinos anónimos que desejam compartilhar algum detalhe da sua vida. E na sexta foi em torno de um rapaz – cujo nome não foi divulgado por razões óbvias – e do medo que lhe causam as consequências de sua condição sexual.

Por alguma razão ainda desconhecida, os responsáveis pelo Facebook pensaram que a foto e o comentário que a acompanhava violavam as políticas de privacidade e integridade moral da rede social e decidiram censurar a publicação. Imediatamente, Brandon Stanton, criador da Humans of New York, relatou o fato na sua conta e mostrou seu desacordo: “Parece que o Facebook decidiu apagar a corajosa declaração do garoto e, além disso, me avisaram que não deveria subir outros comentários semelhantes. Só espero que tudo isso seja um mal-entendido”. A reação dos seguidores da página não demorou e logo demonstraram toda sua raiva pelo que consideraram um acontecimento lamentável.

A verdade é que a imagem não tinha nus nem palavras capazes de ofender ninguém com pelo menos dois neurónios. Pelo contrário, uma imagem assim só desperta sentimentos de compaixão e amor. De fato, antes que a imagem fosse apagada, a própria Hillary Clinton deixou uma mensagem carinhosa de apoio ao menino: “O seu futuro vai ser incrível. Você vai acabar se surpreendendo com tudo que vai ser capaz de conseguir. Cerque-se sempre de pessoas que gostem de você e acreditem em você – vai encontrar muitas delas”.

A fúria provocada pela intervenção do Facebook atingiu um nível tão alto que poucas horas depois do lamentável incidente a imagem foi republicada. Ninguém consegue explicar a falta de raciocínio da empresa de Mark Zuckerberg, especialmente por ela ter sido a primeira a aderir nesta semana à celebração do Orgulho LGBT e à legalização do matrimónio igualitário nos Estados Unidos. Mas, como sempre, não há mal que não venha para o bem: a enxurrada de apoio recebida pelo menino na página Humans of New York com certeza lhe serviu para perceber que apesar de tudo há um exército de pessoas zelando para que sua felicidade esteja assegurada no futuro.

Fica na versão original - The Government of Hungary Is Going to Pay Its Young People Just to Live There

The Hungarian government is so concerned about the number of young Hungarians leaving the country that it is offering to fly them home and pay them to stay.

“Come home, young person!” is a new program aimed at persuading Hungarians living abroad to return to their home country. A Hungarian government event in London on June 28 to promote the program touted its promise of a free return flight, a 100,000 forint monthly allowance (about $350) for a year, and the possibility of a job close to family, Hungary Todayreports.

Szabolcs Pakozdi, managing director of Hungary’s job placement office, stressed to the audience that participants were not obligated to work in the country for a specific period of time.

The Hungarian Central Statistics Office estimates that 31,500 Hungarians left the country in 2014, a 46% increase over 2013, Reuters reports. In total, there are thought to be 350,000 Hungarians working abroad, most of them young singles. Many profess to be uncomfortable with the country’s abrupt political shift to the right under Prime Minister Viktor Orban.

In response, former street artist Gergo Kovacs ran a successful crowdfunding campaign the first week of July to put up enormous posters around the country. “If you come to Hungary,” read one, “Could you please bring a sane Prime Minister?”

Aos 24 anos, jovem com depressão tem acesso à eutanásia

Os médicos belgas autorizaram uma mulher com depressão profunda a ser submetida a eutanásia.

“A minha vida tem sido uma luta desde que nasci”

‘Laura’ (o nome verdadeiro não é referido pela imprensa belga), de 24 anos, explicou aos especialistas que sofria de depressão desde que era criança e que queria morrer, pode ler-se no Independent, que cita o jornal De Morgen.

A jornalista que a entrevistou descreve-a como uma pessoa “calma, equilibrada e segura de si mesma”. Tem amigos, gosta de teatro, de fotografia e de um bom café, cita o jornal francês Le Figaro.

À primeira vista, Laura parecer ser uma mulher como todas as outras, mas diz ter desde muito nova um sofrimento psicológico insuportável.

“Tenho um ar muito calma, mas provavelmente mais tarde, vou estar a rebolar no chão por causa da dor que me auto-inflijo. A minha luta interior não tem fim”, afirma.

Diz que a primeira vez que pensou em suicidar-se estava “na infantil”. Aos seis anos, pegou numa arma que não sabia que estava carregada e pensou em suicidar-se. “Se naquela altura tivesse sabido, tinha disparado”. Tentou fazê-lo, aliás, várias vezes ao longo de toda a vida.

“A minha vida tem sido uma luta desde que nasci”, garante.

Laura cresceu com os avós porque, segundo a mesma, os seus pais tiveram-na quando ainda eram muito novos. Apesar de ter crescido num lar que lhe deu “segurança e paz”, isso não foi suficiente e tem a certeza que a sua infância teve um grande contributo para o seu sofrimento.

Aos 21 anos, internou-se voluntariamente num hospital psiquiátrico. Hoje em dia, a jovem diz que viver já não é uma opção.

“Se eu pudesse escolher, escolhia uma vida suportável. Eu fiz de tudo e nada resolveu o meu problema”, afirma Laura.

Um processo complexo

O processo para se ter autorização para a eutanásia é complexo. Jacqueline Herremans, advogada e presidente da Associação pelo direito de morrer com dignidade, na Bégica (SMDM, na sigla belga), explica que Laura teve de começar por fazer um pedido por escrito ao seu médico ou psiquiatra. Caso este aceite, tem de ter a certeza que o seu doente está consciente, na posse total das suas faculdades mentais e que o seu pedido foi feito “de maneira voluntária e reflectida”. O especialista tem ainda de avaliar a doença, para se assegurar que é “incurável”, e tem de informar o paciente de todas as alternativas terapêuticas existentes para a sua condição.

Se o médico chegar à conclusão que o caso não tem solução, tem a obrigação de consultar outro médico independente e competente para fazer uma nova avaliação. Esse segundo especialista estuda o caso, conhece o doente e escreve um relatório. O caso passa depois para um terceiro médico, que volta a analisar a situação. De todas as vezes, os médicos perguntam se esta vontade do doente é voluntária e pensada. Em seguida, é enviada uma declaração à comissão que controla as mortes por eutanásia, à qual os especialistas apresentam o caso.

Em todo este processo, a família só é consultada caso o doente esteja de acordo. “Até ao último minuto, o paciente pode mudar de ideias”, garante Herremans.

Laura está actualmente a planear o seu funeral. O dia da sua morte ainda não está definido, mas será já este Verão.

A eutanásia foi legalizada na Bélgica em 2002. Todos os anos, cerca de 1.400 pessoas são eutanasiadas. Em 2013, o Parlamento belga autorizou a que a lei também pudesse ser aplicada a crianças com doenças terminais.

Comecem a engarrafar a água das fontes para a banhoca e para fazer o tacho,

A Câmara do Porto anunciou esta quinta-feira que vai alertar os munícipes para o "enorme aumento do preço que a água" no concelho, "até 40%", fruto da fusão no sector decidida pelo Governo e contestada judicialmente por várias autarquias.

"O Governo impôs, à força, a fusão das empresas que vendem água aos municípios, extinguindo a Águas de Douro e Paiva [AdDP], de que é accionista o município do Porto. Este processo terá como consequência, a curto prazo, um enorme aumento do preço da água ao consumidor, que poderá atingir os 40%", avisa o presidente da autarquia, Rui Moreira, na carta que vai enviar aos portuenses.

A informação da Câmara do Porto, divulgada num comunicado à imprensa, surge depois de, na terça-feira, o Grupo Águas de Portugal (AdP) ter finalizado a reorganização territorial das suas operações de abastecimento de água e saneamento, agregando 19 empresas e iniciando a actividade de três novas empresas regionais, nomeadamente a Águas do Norte, cuja criação levou à extinção da AdDP.

No comunicado, a autarquia explica que Moreira vai "aproveitar o envio da factura da água" para avisar os munícipes sobre "o enorme aumento do preço que a água sofrerá no município, caso o Governo concretize o processo de fusão das águas em curso".

De acordo com o autarca, "o novo sistema, em lugar de criar poupança, implicará, em cinco anos, o desperdício de 13,5 milhões de euros".

"Na opinião dos [19] municípios, detentores de 49% do capital social [da AdDP], entre os quais se encontra o município do Porto, a extinção da empresa, contra a sua vontade, é ilegítima e o processo de fusão não cumpre nenhum dos objectivos enunciados pelo Governo para fundamentar a sua decisão", sustenta Moreira.

Para o autarca, é "falso o pressuposto invocado de que a nova empresa poderia criar sinergias que levassem à poupança de dinheiros públicos e à redução futura de tarifas".

"Os municípios integrados na AdDP pagarão, para o sistema global, mais 38 milhões de euros do que actualmente (mais 40%) só nos próximos cinco anos", acrescenta.

Por outro lado, "os ganhos para os restantes municípios não ultrapassam os 24,5 milhões", destaca.

"Também é falso o argumento de que tudo isto servirá para uniformizar tarifas e de que, no interior, a água é mais cara. Ao contrário do que diz o Governo, a água nos municípios do litoral custa quase o dobro, em média, do que no interior", sublinha.

"Traição" do Terreiro do PaçoSegundo Moreira, "a fusão não cumpre nenhum princípio de solidariedade, prejudicando todos os municípios e provocando aumentos a todos os munícipes, independentemente de onde vivam".

Para além disso, o autarca considera estar em causa "uma traição a compromissos políticos assumidos no passado em relação a um conjunto significativo de municípios".

Isto porque, diz o autarca, esses compromissos fizeram os municípios "crer que poderiam investir com segurança e de boa-fé na sua empresa de distribuição de água".

Agora, "por decreto e a partir do Terreiro do Paço", estão "a querer esbulhá-los de património, conhecimento, valor e autonomia", lamenta Moreira.

O processo está a ser contestado judicialmente e, segundo o "Jornal de Notícias" desta quinta-feira, o Tribunal de Comércio de Gaia "aceitou apreciar duas providências cautelares interpostas pela Câmara de Paços de Ferreira para suspender a extinção da AdDP.

Na assembleia de accionistas da Águas do Norte realizada na terça-feira, a eleição dos órgãos sociais, bem como a votação do plano estratégico e do estatuto remuneratório mereceram os votos contra de quatro municípios da esfera da AdDP (Porto, Gaia, Oliveira de Azeméis e S. João da Madeira).

Naufrágio à vista - Crescem os novos pobres, recrutados especialmente entre a classe média

Com um elevadíssimo desemprego, mesmo quando os números oficiais registam decréscimos, que têm sido muito lentos e às vezes são interrompidos por acréscimos pontuais (assim como o preço dos combustíveis que às vezes desce às vezes sobe), com um crescente alargamento do fosso social - menos gente no topo da pirâmide e muito mais gente na base - e com o mar agitado dos aumentos dos impostos e da austeridade, a classe média em Portugal está a naufragar.

Crescem os novos pobres, recrutados especialmente entre a classe média, onde cabem muitos licenciados que já viveram confortavelmente

Sempre foram (e em muitos casos particularmente por via do acesso à propriedade que habitam) a coluna vertebral do crescimento de muitas economias, mas hoje deixaram de ser a prova de que a chamada terceira via - nem capitalismo selvagem nem socialismo colectivista - poderia funcionar como terá funcionado em alguns países da Europa do Norte, ainda muito marcados pela matriz da social democracia.

Com menos emprego, com menos Estado Social pela via da redução do acesso a serviços públicos anteriormente garantidos, crescem os novos pobres, recrutados especialmente entre a classe média, onde cabem muitos licenciados que já viveram confortavelmente e que agora chegam a fingir que não passam fome e tentam acreditar que a culpa do que está a acontecer é deles, por alegadamente terem vivido acima das possibilidades.

Todos nós tentamos acreditar que isto está a melhorar um pouco, devagarinho, mas a melhorar um pouco. Sabemos que será muito difícil conseguirmos o pleno emprego, mas com os actuais valores de desemprego existentes as perspectivas para a classe média são verdadeiramente assustadoras. Os desempregados de longa duração, na casa dos 50 anos de idade, mesmo quando são altamente qualificados olham para o futuro com angústias nunca antes imaginadas.

Ter emprego já não é garantia de escapar à queda. Numa das últimas estatísticas, quase 15% dos portugueses que tinham trabalho estavam em risco de tornar-se pobres. Mesmo continuando a trabalhar, essa situação distorce a própria ideia de classe média - o exército que alimentava o movimento dos museus, o público dos teatros e das salas de música, os frequentadores dos restaurantes de boa qualidade e até os leitores de certas revistas e de certos jornais, bem como o negócio dos carros de gama média alta, ou o negócio das viagens turísticas.

Muitos destes portugueses suspeitam estar a ser olhados pelos filhos como um fardo pesadíssimo, situação que é mais agravada quando os filhos, grande parte da geração portuguesa mais qualificada de sempre, estão fora do país e sem grande vontade de regressar, apesar do amor que continuam a ter por Portugal. Há muito que se sabe que essa história de amor e uma cabana é coisa que nem nos romances cor de rosa já se consegue acolher.

Não podemos ignorar e devemos tentar evitar este naufrágio anunciado. Quando sabemos que a classe média está a perder terreno, está a perder o emprego, está a perder a casa, está a perder a face e, o que é mais preocupante, está a perder a vontade de dar a volta a esta situação e de reencontrar os caminhos do crescimento e do desenvolvimento equilibrados.

Texto de: Luis Lima Presidente da APEMIP para o Jornal SOL

Viva o ‘Obamacare’! (por: Paul Krugman)

Se eu estava na borda da cadeira, esperando pela decisão da Suprema Corte sobre os subsídios do Obamacare? Não. Fiquei caminhando de um lado para outro da sala, nervoso demais para me sentar, preocupado se o tribunal utilizaria uma frase redigida de qualquer maneira para privar milhões de pessoas de um plano de saúde, condenar dezenas de milhares à ruína económica e sentenciar milhares à morte prematura.

Não foi o que fizeram. Isso significa que as grandes distrações ficaram para trás – os problemas iniciais do site e as tentativas de sabotagem legal, objetivamente ridículas mas não obstante ameaçadoras. E podemos nos concentrar na realidade da reforma do sistema de saúde. A Lei da Assistência Médica Acessível encontra-se agora em seu segundo ano de plena vigência. Como ela está se saindo?

A resposta é: melhor do que muitos de seus defensores pensam.

Comecemos pelo objetivo mais elementar da lei: oferecer um plano de saúde a quem antes não tinha nenhum. Os opositores à lei insistiam que, na prática, a cobertura seria reduzida; a realidade é que cerca de 15 milhões de norte-americanos agora estão cobertos.

Mas será que este não é um êxito muito parcial, já que milhões de pessoas continuam sem assistência? Bem, muitos dos que ainda não têm o seguro estão nessa situação porque os respectivos Governos estaduais se negaram a permitir que o Governo federal os inscreva no Medicaid [o programa de assistência médica para as pessoas de baixo rendimento].

Além disso, devemos ter consciência de que dar cobertura a todos os cidadãos não era a intenção da lei nem o que se esperava dela. Os imigrantes sem documentação não podem se beneficiar da lei, e qualquer sistema pelo qual as pessoas não sejam inscritas automaticamente dará margem para que parte da população fique excluída. O Estado de Massachusetts vem oferecendo assistência médica há quase uma década, mas 5% de sua população adulta não idosa continua sem o seguro.

Suponhamos que tomássemos esses 5% como referência. Quanto nos aproximamos dessa percentagem? Dados do Instituto Urban mostram que, nos Estados que aplicaram plenamente a lei e ampliaram o Medicaid, o número de pessoas sem o seguro caiu de mais de 16% para 7,5% (ou seja, no segundo ano, já percorremos cerca de 80% do caminho). E a maior parte, com a Lei de Assistência Médica Acessível.

Mas qual a qualidade dessa assistência? Por causa da lei, os planos mais baratos têm uma quantidade relativamente grande de gastos dedutíveis do imposto e exigem desembolsos consideráveis. Ainda assim, os planos são imensamente melhores do que a ausência de uma cobertura ou do que os planos privados excessivamente elementares, que agora são ilegais. As pessoas asseguradas recentemente sofrem muito menos apuros económicos por causa da nova assistência médica e se dizem muito satisfeitos com ela.

E os custos? Em 2013, ouvimos advertências terríveis sobre como estaria próximo o rápido aumento das mensalidades; na realidade, as parcelas se mantiveram muito abaixo do esperado. Em 2014, os desconfiados de plantão afirmavam que, quando 2015 chegasse, as mensalidades disparariam; o aumento foi de apenas 2%. Surgiu uma nova onda de histórias de medo sobre o aumento das mensalidades no início deste ano, mas, pelo que fomos informados, parece que o reajuste dos valores de 2016 será maior do que em 2015, mas ainda será moderado de um ponto de vista histórico (o que significa que as mensalidades continuam muito mais baixas do que o esperado).

Também caiu acentuadamente o crescimento do gasto geral com saúde, em parte por causa das medidas de controle de custos, pensadas fundamentalmente para o Medicare [o programa de saúde para os maiores de 65 anos], que também era um elemento importante da reforma da saúde.

E quais tem sido os efeitos colaterais económicos? Um das inúmeras votações republicanas contra o Obamacare esteve ligada à aprovação de algo chamado de “Revogação da Lei da Assistência Médica Destruidora de Empregos”, e os opositores advertiram várias vezes que o fato de ajudar os norte-americanos a pagarem a assistência médica representaria uma condenação económica. Mas os números não falam em “destruição de empregos”: a economia norte-americana ganhou, em média, mais de 240.000 postos de trabalho por mês desde que o Obamacare entrou em vigor – o maior aumento desde a década de 1990.

Por fim, e as afirmações de que a reforma da saúde faria disparar o déficit orçamental? Na realidade, o déficit continuou baixando e, a Comissão do Orçamento do Congresso recentemente confirmou sua conclusão de que a revogação do Obamacare aumentaria o déficit, e não o reduziria.

Somando tudo isso, o que temos é o retrato de um triunfo político; uma lei que, apesar de todos os esforços que seus opositores fizeram para miná-la, está atingindo seus objetivos, custa menos que o esperado e consegue fazer com que a vida de milhões de norte-americanos seja melhor e mais protegida.

Apesar disso, vocês devem se perguntar por que uma lei que funciona tão bem e traz tantos benefícios é objeto de tanta malevolência política (malevolência que, certamente, fica claramente exposta na opinião discrepante do juiz Antonin Scalia, com seu discurso contra as “trapaças interpretativas”). O que os conservadores sempre temeram em relação à reforma da saúde é a possibilidade de que ela possa ser um sucesso e, com isso, faça com que os eleitores se lembrem de que, às vezes, as medidas governamentais podem melhorar a vida do norte-americano comum.

Essa é a razão pela qual a direita se empenhou a fundo para destruir o plano de saúde de Clinton em 1993, e tentou fazer o mesmo com a Lei de Assistência Médica Acessível. Mas o Obamacare sobreviveu, está aqui e funciona. O grande pesadelo conservador se tornou realidade. E é algo muito bonito.

Cuba é o primeiro país a eliminar a transmissão do HIV de mãe para filho

Todos os anos, cerca de 1,4 milhões de mulheres com HIV engravidam. Se não recebem tratamento, a hipotese de que transmitam o vírus ao bebe durante a gestação,  parto ou a amamentação variam entre 15% e 45%. Portanto, é um grande desafio conseguir romper esse círculo vicioso que favorece a perpetuação de um vírus combatido há décadas sem uma cura efetiva. E é justamente isso o que Cuba fez, tal como reconheceu oficialmente a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta terça-feira.

Em cerimónia na sede da Organização Panamericana da Saúde (OPS, o escritório regional da OMS) em Washington, a OMS entregou a Cuba a primeira certificação do mundo que estabelece que um país cumpriu o duplo desafio de eliminar a transmissão do HIV de mãe para filho, bem como da sífilis congênita.

“Foi vencida uma grande batalha na luta contra a sida”, afirmou a diretora da OPS, Carissa Etienne. Eliminar a transmissão vertical do HIV “representa um grande passo para Cuba rumo a uma geração livre de sida”, completou.

“A eliminação da transmissão do vírus é uma das maiores conquistas possíveis no campo da saúde”, disse a diretora geral da OMS, Margaret Chan, em comunicado.

A possibilidade de 15-45% de transmissão do HIV de mãe para filho cai para apenas 1% se tanto a mãe como o filho recebem retrovirais durante todas as fases em que pode ocorrer a transmissão. Segundo a OMS, o número de crianças que nascem a cada ano com HIV foi reduzido quase pela metade desde 2009, passando de 400.000 a 240.000 em 2013.

Mas a cifra ainda está muito longe da meta prevista para 2015: uma redução para menos de 40.000.

A batalha contra a transmissão materno-infantil da sífilis também tem ainda muitos desafios pela frente: todo ano, quase 1 milhão de mulheres grávidas são contagiadas com esse vírus, que pode provocar a morte fetal ou perinatal a infecções neonatais graves. Tudo isso, diz a OMS, quando existem “opções simples e relativamente acessíveis de detecção e tratamento durante a gravidez”, como a penicilina, que podem eliminar a maior parte dessas complicações.

Em Washington, numa cerimonia junto ao ministro cubano da Saúde, Roberto Morales Ojeda, a diretora da OPS destacou o ponto essencial da façanha cubana: “O sucesso de Cuba demonstra que é possível um acesso universal à saúde e que, de fato, ele é fundamental para o êxito da luta contra desafios tão preocupantes como o HIV”, afirmou Etienne.

Cuba conta com um serviço público de saúde “gratuito, acessível, regionalizado, integral e sem discriminação, baseado nos cuidados primários de saúde”, segundo o ministro Ojeda, que também atribuiu essa conquista a uma “vontade política” fundamental e à participação das comunidades nos programas de atendimento e prevenção.

No continente americano, a OMS-OPS tem trabalhado desde 2010 numa iniciativa regional para eliminar a transmissão materno-infantil do HIV e da sífilis.

Cuba é o primeiro país a receber o certificado oficial, mas há outros seis países e territórios que também poderiam ter eliminado a transmissão do HIV de mãe para filho: as ilhas britânicas de Anguila e Montserrat, Barbados, Canadá, Estados Unidos e Porto Rico. Outros 14 conseguiram, supostamente, eliminar a sífilis congênita.

A OMS considera que um país eliminou a transmissão materno-infantil do HIV quando registra menos de dois bebés infectados para cada 100 nascidos de mães portadores do vírus. No caso da sífilis, é menos de um caso para cada 2.000 nascimentos vivos.

No âmbito da iniciativa da OPS, Cuba implementou nos últimos anos medidas como a assistência pré-natal precoce e exames de HIV e sífilis tanto para as mulheres grávidas como para os pais. Também oferece tratamento às mulheres cujo teste dá positivo e a seus bebés, além de fomentar medidas de prevenção, como o uso de preservativos.

Como resultado, refletido agora na certificação oficial da OMS, Cuba registrou em 2014 apenas os casos de dois bebés que nasceram com HIV e outros cinco com sífilis congénita, números inferiores aos mínimos para que se considere realizado o objetivo de eliminar a transmissão materno-infantil dessas doenças.