Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

jornaldodiaadia

jornaldodiaadia

Algumas teorias surrealistas que pretendem explicar a homossexualidade,

A razão pela qual existem gays e lésbicas continua a intrigar alguns cientistas e milhares de usuários da internet que compartilham dúvidas e teorias absurdas que às vezes só perpetuam falsos estereótipos e crenças sobre esse grupo. Eis aqui algumas delas,

- Comer frango. O presidente boliviano Evo Morales disse em um comício que os homens que comem frango com hormonas“têm um desvio em seu ser como homens”.

- Fazer xixi no final de um arco-íris, de acordo com uma lenda que corre em Hellín, na cidade espanhola de Albacete.

- Ter pais homossexuais. Em 2003, quando o político socialista Rafael Simancas quase ocupou a presidência da Comunidade de Madrid, prometeu rever a lei de casais de fato para que incluísse os casais homossexuais. Diante do anúncio, o jornal ultra-conservador La Razón publicou uma reportagem – replicada por vários sites católicos como Catholic.net– em que vários especialistas desaconselhavam essa opção: “Com dois anos, uma criança ignora conscientemente se é homem ou mulher Essa identidade é aprendida com aqueles que estiverem ao seu redor na infância. Por isso a criança tem o direito de ser formada em uma família”, dizia uma das especialistas citadas.

- Fumar durante a gravidez. Dick Swaab, professor de neurobiologia da Universidade de Amsterdão, publicou um estudo em 2014 sugerindo que o consumo de álcool e drogas durante a gravidez podia reduzir o QI do bebê. Além disso, afirmou que as hormonas sintéticas e o fumo aumentavam a possibilidade de que as meninas fossem lésbicas ou bissexuais, segundo publicou o jornal The Telegraph.

- Ruby Rose. A atriz australiana, a mais recente novidade no elenco da série Orange Is the New Black, provoca a mesma atração em homens e mulheres com sua atitude, explica o The Huffington Post.

- Tinki Winky dos Teletubbies. A Defensora dos Menores da Polônia, Ewa Sowinska, anunciou em 2007 que os psicólogos  iriam estudar se um dos Teletubbies, o arroxeado Tinky Winky, promovia ou não a homossexualidade entre as crianças. Sowinska voltou atrás dias depois por meio do seu porta-voz.

- O Pokemon torna você gay. A igreja norte-americana Credo Dollar Ministry, de Atlanta, acredita que esse desenho animado perverteu a sexualidade dos adolescentes de 1985 até a década de 1990 devido à relação entre o herói Ash e seu companheiro Brock. O portal cristão de notícias Christian News também acrescentou que os nomes e “as formas fálicas” dos Pokemon “empurram os jovens para a homossexualidade”.

- Fumar canabis. Um estudo da Universidade Popular Autónoma do Estado de Puebla, no México, garante que fumar canabis diminui os níveis de testosterona no organismo e isso pode levar a ter tendências homossexuais.

- Ouvir Adele. John Smid, médico do Texas, entrevistado num programa da emissora de televisão britânica Channel 4, constatou que as canções da cantora britânica podem mudar as tendências sexuais.

-  Comer soja. A comunidade judaica ultraortodoxa Gur Hasidim afirmou em 2013 que comer soja faz você se tornar gay.

- Frozen:  “Às vezes alguém se pergunta se aqui está acontecendo algo nocivo... Eu me pergunto se as pessoas estão pensando: 'Acho que esse pequeno e encantador filme vai doutrinar a minha filha de 5 anos para ser lésbica ou para que a homossexualidade e o bestialismo sejam vistos positivamente’”, disse o pastor Kevin Swanson, da Igreja da Reforma, em seu programa de rádio que vai ao ar no Colorado, segundo publicou o portal BBC Mundo.

- A água. O prefeito de Huarmey, no Peru, advertiu os habitantes da cidade que a água da torneira pode transformá-los em homossexuais, pois contém níveis elevados de estroncio, que “reduz as hormonas masculinos”, segundo o diário Público.

- Os supositórios. Um médico substituto do Centro de Saúde de Breda, em Girona, se recusou a prescrever supositórios para um menino de 13 meses que tinha febre porque, como explicou à mãe, se receitados desde a infância “podem induzir a homossexualidade”, publicou em 2005 o portal Libertad Digital.

- Este artigo. Atenção! Talvez depois de ler este artigo você já seja gay.

Bastam 66 dias para mudar um hábito,

Mudar alguns hábitos está ao alcance de todos. Para isso, são necessários dois ingredientes importantes: escolher uma mudança que seja coerente com sua escala de valores e treinar até que se torne um hábito. Pouco além disso.

Nada é “obrigatoriamente” para sempre, sequer o que se escolheu como hobby, profissão ou local de residência. A ideia de que podemos ser quem desejamos, praticar novos desportos, aprender outras culturas, experimentar todas as gastronomias, ter outros círculos de amigos... transforma uma vida parada em outra, rica em oportunidades e variedade.

O cérebro é plástico. As pessoas evoluem, desejamos mudar, crescer interiormente, e estamos capacitados para isso. Ficaram para trás as teorias sobre a morte dos neurônios e os processos cognitivos degenerativos. Hoje sabemos que os neurônios geram novas conexões que permitem aprender até o dia em que morremos. A plasticidade cerebral demonstrou que o cérebro é uma esponja, moldável, e que continuamente vamos reconfigurando nosso mapa cerebral. Foi o que disse William James, um dos pais da psicologia, em 1890, e todos os neuropsicólogos hoje em dia confirmam as mesmas teorias.

O próprio interesse por querer mudar de hábitos, a atitude e a motivação, assim como sair da zona de conforto, convidam o cérebro a uma reorganização constante. Esse processo está presente nas pessoas desde o nascimento até a morte.

Nesta sociedade impaciente, baseada na cultura do “quero tudo já e sem esforço”, mudar de hábitos se tornou um suplício. Não porque seja difícil, mas porque não abrimos espaço suficiente para que se torne um hábito. Não lhe passou pela cabeça alguma vez que, ao começar uma dieta, as primeiras semanas são mais difíceis de do que quando já está praticando há algum tempo? É resultado desse processo. No início seu cérebro lembra o que já está automatizado, o hábito de beliscar, comer doce ou não praticar exercício, até que se “educa” e acaba adquirindo as novas regras e formas de se comportar em relação à comida.

“Todo homem pode ser, se assim se propuser, escultor de seu próprio cérebro"

A neurogénese é o processo pelo qual novos neurônios são gerados. Uma das atividades que retardam o envelhecimento do cérebro é a atividade física. Sim, não só se deve praticar exercícios pelos benefícios emocionais, como o bem-estar e a redução da ansiedade, ou para ficar mais atraente e forte, mas porque seu cérebro se manterá jovem por mais tempo. Um estudo do doutor Kwok Fai-so, da Universidade de Hong Kong, correlacionou a corrida com a neurogénese. O exercício ajuda a divisão das células-tronco, que são as que permitem o surgimento de novas células nervosas.

Existem outras práticas, como a meditação, o tipo de alimentação e a atividade sexual que também favorecem a criação de novas células nervosas.

Uma vez que a reorganização cerebral é estimulada ao longo de toda a vida, não há uma única etapa em que não possamos aprender algo novo. A idade de aposentadoria não determina uma queda, nem completar 40 ou 50 anos deveria ser deprimente. Todos que tiverem interesse e atitude em relação a algo estão em boa hora, poderão aprender, treinar e tornar-se especialistas independentemente da idade. Se você é dessas pessoas que se dedicaram durante a vida a uma profissão com a qual viveram relativamente bem, mas ficaram com o desejo de estudar Antropologia, História, Exatas, Artes Plásticas ou o que for, pode começar agora. Não há limite de idade nem de tempo para o saber.

Não deixe que sua idade o limite quando seu cérebro está preparado para tudo. A mente se renova constantemente graças à plasticidade neuronal.

Até há pouco tempo pensava-se que modificar e automatizar um hábito exigia 21 dias. Otimismo demais! Um estudo recente de Jane Wardle, do University College de Londres, publicado no European Journal of Social Psychology, afirma que para transformar um novo objetivo ou atividade em algo automático, de tal forma que não tenhamos de ter força de vontade, precisamos de 66 dias.

Sinceramente, tanto faz se forem 21 ou 66! O interessante é que somos capazes de aprender, treinar e modificar o que desejarmos. O número de dias é relativo. Depende de fatores como insistência, perseverança, habilidades, das variáveis psicológicas da personalidade e do interesse. A mudança está em torno de dois meses e pouco. O que são dois meses no ciclo de nossa vida? Nada. Esse tempo é necessário para sermos capazes de fazer a mudança que desejamos. E isso nos torna livres e poderosos.

O dia em que o Facebook censurou o sofrimento de um rapaz gay

1436112930_253823_1436113773_noticia_normal

Sou homossexual e me dá medo pensar no futuro e na rejeição das pessoas”. Esta frase, que na boca de qualquer adulto certamente seria dolorosa, adquire contornos trágicos se a atribuirmos a um menino de dez anos. E se além disso o autor dessas palavras se atreve a dar o passo de compartilhar sua inquietação no Facebook e os responsáveis pela rede social decidirem censurar seu drama, o escândalo não pode ser maior. Foi isso o que aconteceu na tarde de sexta-feira na célebre página Humans of New York, uma das mais populares do Facebook. Essa balbúrdia digital seguida por 13 milhões de usuários há anos publica imagens de nova-iorquinos anónimos que desejam compartilhar algum detalhe da sua vida. E na sexta foi em torno de um rapaz – cujo nome não foi divulgado por razões óbvias – e do medo que lhe causam as consequências de sua condição sexual.

Por alguma razão ainda desconhecida, os responsáveis pelo Facebook pensaram que a foto e o comentário que a acompanhava violavam as políticas de privacidade e integridade moral da rede social e decidiram censurar a publicação. Imediatamente, Brandon Stanton, criador da Humans of New York, relatou o fato na sua conta e mostrou seu desacordo: “Parece que o Facebook decidiu apagar a corajosa declaração do garoto e, além disso, me avisaram que não deveria subir outros comentários semelhantes. Só espero que tudo isso seja um mal-entendido”. A reação dos seguidores da página não demorou e logo demonstraram toda sua raiva pelo que consideraram um acontecimento lamentável.

A verdade é que a imagem não tinha nus nem palavras capazes de ofender ninguém com pelo menos dois neurónios. Pelo contrário, uma imagem assim só desperta sentimentos de compaixão e amor. De fato, antes que a imagem fosse apagada, a própria Hillary Clinton deixou uma mensagem carinhosa de apoio ao menino: “O seu futuro vai ser incrível. Você vai acabar se surpreendendo com tudo que vai ser capaz de conseguir. Cerque-se sempre de pessoas que gostem de você e acreditem em você – vai encontrar muitas delas”.

A fúria provocada pela intervenção do Facebook atingiu um nível tão alto que poucas horas depois do lamentável incidente a imagem foi republicada. Ninguém consegue explicar a falta de raciocínio da empresa de Mark Zuckerberg, especialmente por ela ter sido a primeira a aderir nesta semana à celebração do Orgulho LGBT e à legalização do matrimónio igualitário nos Estados Unidos. Mas, como sempre, não há mal que não venha para o bem: a enxurrada de apoio recebida pelo menino na página Humans of New York com certeza lhe serviu para perceber que apesar de tudo há um exército de pessoas zelando para que sua felicidade esteja assegurada no futuro.

Naufrágio à vista - Crescem os novos pobres, recrutados especialmente entre a classe média

Com um elevadíssimo desemprego, mesmo quando os números oficiais registam decréscimos, que têm sido muito lentos e às vezes são interrompidos por acréscimos pontuais (assim como o preço dos combustíveis que às vezes desce às vezes sobe), com um crescente alargamento do fosso social - menos gente no topo da pirâmide e muito mais gente na base - e com o mar agitado dos aumentos dos impostos e da austeridade, a classe média em Portugal está a naufragar.

Crescem os novos pobres, recrutados especialmente entre a classe média, onde cabem muitos licenciados que já viveram confortavelmente

Sempre foram (e em muitos casos particularmente por via do acesso à propriedade que habitam) a coluna vertebral do crescimento de muitas economias, mas hoje deixaram de ser a prova de que a chamada terceira via - nem capitalismo selvagem nem socialismo colectivista - poderia funcionar como terá funcionado em alguns países da Europa do Norte, ainda muito marcados pela matriz da social democracia.

Com menos emprego, com menos Estado Social pela via da redução do acesso a serviços públicos anteriormente garantidos, crescem os novos pobres, recrutados especialmente entre a classe média, onde cabem muitos licenciados que já viveram confortavelmente e que agora chegam a fingir que não passam fome e tentam acreditar que a culpa do que está a acontecer é deles, por alegadamente terem vivido acima das possibilidades.

Todos nós tentamos acreditar que isto está a melhorar um pouco, devagarinho, mas a melhorar um pouco. Sabemos que será muito difícil conseguirmos o pleno emprego, mas com os actuais valores de desemprego existentes as perspectivas para a classe média são verdadeiramente assustadoras. Os desempregados de longa duração, na casa dos 50 anos de idade, mesmo quando são altamente qualificados olham para o futuro com angústias nunca antes imaginadas.

Ter emprego já não é garantia de escapar à queda. Numa das últimas estatísticas, quase 15% dos portugueses que tinham trabalho estavam em risco de tornar-se pobres. Mesmo continuando a trabalhar, essa situação distorce a própria ideia de classe média - o exército que alimentava o movimento dos museus, o público dos teatros e das salas de música, os frequentadores dos restaurantes de boa qualidade e até os leitores de certas revistas e de certos jornais, bem como o negócio dos carros de gama média alta, ou o negócio das viagens turísticas.

Muitos destes portugueses suspeitam estar a ser olhados pelos filhos como um fardo pesadíssimo, situação que é mais agravada quando os filhos, grande parte da geração portuguesa mais qualificada de sempre, estão fora do país e sem grande vontade de regressar, apesar do amor que continuam a ter por Portugal. Há muito que se sabe que essa história de amor e uma cabana é coisa que nem nos romances cor de rosa já se consegue acolher.

Não podemos ignorar e devemos tentar evitar este naufrágio anunciado. Quando sabemos que a classe média está a perder terreno, está a perder o emprego, está a perder a casa, está a perder a face e, o que é mais preocupante, está a perder a vontade de dar a volta a esta situação e de reencontrar os caminhos do crescimento e do desenvolvimento equilibrados.

Texto de: Luis Lima Presidente da APEMIP para o Jornal SOL

Viva o ‘Obamacare’! (por: Paul Krugman)

Se eu estava na borda da cadeira, esperando pela decisão da Suprema Corte sobre os subsídios do Obamacare? Não. Fiquei caminhando de um lado para outro da sala, nervoso demais para me sentar, preocupado se o tribunal utilizaria uma frase redigida de qualquer maneira para privar milhões de pessoas de um plano de saúde, condenar dezenas de milhares à ruína económica e sentenciar milhares à morte prematura.

Não foi o que fizeram. Isso significa que as grandes distrações ficaram para trás – os problemas iniciais do site e as tentativas de sabotagem legal, objetivamente ridículas mas não obstante ameaçadoras. E podemos nos concentrar na realidade da reforma do sistema de saúde. A Lei da Assistência Médica Acessível encontra-se agora em seu segundo ano de plena vigência. Como ela está se saindo?

A resposta é: melhor do que muitos de seus defensores pensam.

Comecemos pelo objetivo mais elementar da lei: oferecer um plano de saúde a quem antes não tinha nenhum. Os opositores à lei insistiam que, na prática, a cobertura seria reduzida; a realidade é que cerca de 15 milhões de norte-americanos agora estão cobertos.

Mas será que este não é um êxito muito parcial, já que milhões de pessoas continuam sem assistência? Bem, muitos dos que ainda não têm o seguro estão nessa situação porque os respectivos Governos estaduais se negaram a permitir que o Governo federal os inscreva no Medicaid [o programa de assistência médica para as pessoas de baixo rendimento].

Além disso, devemos ter consciência de que dar cobertura a todos os cidadãos não era a intenção da lei nem o que se esperava dela. Os imigrantes sem documentação não podem se beneficiar da lei, e qualquer sistema pelo qual as pessoas não sejam inscritas automaticamente dará margem para que parte da população fique excluída. O Estado de Massachusetts vem oferecendo assistência médica há quase uma década, mas 5% de sua população adulta não idosa continua sem o seguro.

Suponhamos que tomássemos esses 5% como referência. Quanto nos aproximamos dessa percentagem? Dados do Instituto Urban mostram que, nos Estados que aplicaram plenamente a lei e ampliaram o Medicaid, o número de pessoas sem o seguro caiu de mais de 16% para 7,5% (ou seja, no segundo ano, já percorremos cerca de 80% do caminho). E a maior parte, com a Lei de Assistência Médica Acessível.

Mas qual a qualidade dessa assistência? Por causa da lei, os planos mais baratos têm uma quantidade relativamente grande de gastos dedutíveis do imposto e exigem desembolsos consideráveis. Ainda assim, os planos são imensamente melhores do que a ausência de uma cobertura ou do que os planos privados excessivamente elementares, que agora são ilegais. As pessoas asseguradas recentemente sofrem muito menos apuros económicos por causa da nova assistência médica e se dizem muito satisfeitos com ela.

E os custos? Em 2013, ouvimos advertências terríveis sobre como estaria próximo o rápido aumento das mensalidades; na realidade, as parcelas se mantiveram muito abaixo do esperado. Em 2014, os desconfiados de plantão afirmavam que, quando 2015 chegasse, as mensalidades disparariam; o aumento foi de apenas 2%. Surgiu uma nova onda de histórias de medo sobre o aumento das mensalidades no início deste ano, mas, pelo que fomos informados, parece que o reajuste dos valores de 2016 será maior do que em 2015, mas ainda será moderado de um ponto de vista histórico (o que significa que as mensalidades continuam muito mais baixas do que o esperado).

Também caiu acentuadamente o crescimento do gasto geral com saúde, em parte por causa das medidas de controle de custos, pensadas fundamentalmente para o Medicare [o programa de saúde para os maiores de 65 anos], que também era um elemento importante da reforma da saúde.

E quais tem sido os efeitos colaterais económicos? Um das inúmeras votações republicanas contra o Obamacare esteve ligada à aprovação de algo chamado de “Revogação da Lei da Assistência Médica Destruidora de Empregos”, e os opositores advertiram várias vezes que o fato de ajudar os norte-americanos a pagarem a assistência médica representaria uma condenação económica. Mas os números não falam em “destruição de empregos”: a economia norte-americana ganhou, em média, mais de 240.000 postos de trabalho por mês desde que o Obamacare entrou em vigor – o maior aumento desde a década de 1990.

Por fim, e as afirmações de que a reforma da saúde faria disparar o déficit orçamental? Na realidade, o déficit continuou baixando e, a Comissão do Orçamento do Congresso recentemente confirmou sua conclusão de que a revogação do Obamacare aumentaria o déficit, e não o reduziria.

Somando tudo isso, o que temos é o retrato de um triunfo político; uma lei que, apesar de todos os esforços que seus opositores fizeram para miná-la, está atingindo seus objetivos, custa menos que o esperado e consegue fazer com que a vida de milhões de norte-americanos seja melhor e mais protegida.

Apesar disso, vocês devem se perguntar por que uma lei que funciona tão bem e traz tantos benefícios é objeto de tanta malevolência política (malevolência que, certamente, fica claramente exposta na opinião discrepante do juiz Antonin Scalia, com seu discurso contra as “trapaças interpretativas”). O que os conservadores sempre temeram em relação à reforma da saúde é a possibilidade de que ela possa ser um sucesso e, com isso, faça com que os eleitores se lembrem de que, às vezes, as medidas governamentais podem melhorar a vida do norte-americano comum.

Essa é a razão pela qual a direita se empenhou a fundo para destruir o plano de saúde de Clinton em 1993, e tentou fazer o mesmo com a Lei de Assistência Médica Acessível. Mas o Obamacare sobreviveu, está aqui e funciona. O grande pesadelo conservador se tornou realidade. E é algo muito bonito.

Cuba é o primeiro país a eliminar a transmissão do HIV de mãe para filho

Todos os anos, cerca de 1,4 milhões de mulheres com HIV engravidam. Se não recebem tratamento, a hipotese de que transmitam o vírus ao bebe durante a gestação,  parto ou a amamentação variam entre 15% e 45%. Portanto, é um grande desafio conseguir romper esse círculo vicioso que favorece a perpetuação de um vírus combatido há décadas sem uma cura efetiva. E é justamente isso o que Cuba fez, tal como reconheceu oficialmente a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta terça-feira.

Em cerimónia na sede da Organização Panamericana da Saúde (OPS, o escritório regional da OMS) em Washington, a OMS entregou a Cuba a primeira certificação do mundo que estabelece que um país cumpriu o duplo desafio de eliminar a transmissão do HIV de mãe para filho, bem como da sífilis congênita.

“Foi vencida uma grande batalha na luta contra a sida”, afirmou a diretora da OPS, Carissa Etienne. Eliminar a transmissão vertical do HIV “representa um grande passo para Cuba rumo a uma geração livre de sida”, completou.

“A eliminação da transmissão do vírus é uma das maiores conquistas possíveis no campo da saúde”, disse a diretora geral da OMS, Margaret Chan, em comunicado.

A possibilidade de 15-45% de transmissão do HIV de mãe para filho cai para apenas 1% se tanto a mãe como o filho recebem retrovirais durante todas as fases em que pode ocorrer a transmissão. Segundo a OMS, o número de crianças que nascem a cada ano com HIV foi reduzido quase pela metade desde 2009, passando de 400.000 a 240.000 em 2013.

Mas a cifra ainda está muito longe da meta prevista para 2015: uma redução para menos de 40.000.

A batalha contra a transmissão materno-infantil da sífilis também tem ainda muitos desafios pela frente: todo ano, quase 1 milhão de mulheres grávidas são contagiadas com esse vírus, que pode provocar a morte fetal ou perinatal a infecções neonatais graves. Tudo isso, diz a OMS, quando existem “opções simples e relativamente acessíveis de detecção e tratamento durante a gravidez”, como a penicilina, que podem eliminar a maior parte dessas complicações.

Em Washington, numa cerimonia junto ao ministro cubano da Saúde, Roberto Morales Ojeda, a diretora da OPS destacou o ponto essencial da façanha cubana: “O sucesso de Cuba demonstra que é possível um acesso universal à saúde e que, de fato, ele é fundamental para o êxito da luta contra desafios tão preocupantes como o HIV”, afirmou Etienne.

Cuba conta com um serviço público de saúde “gratuito, acessível, regionalizado, integral e sem discriminação, baseado nos cuidados primários de saúde”, segundo o ministro Ojeda, que também atribuiu essa conquista a uma “vontade política” fundamental e à participação das comunidades nos programas de atendimento e prevenção.

No continente americano, a OMS-OPS tem trabalhado desde 2010 numa iniciativa regional para eliminar a transmissão materno-infantil do HIV e da sífilis.

Cuba é o primeiro país a receber o certificado oficial, mas há outros seis países e territórios que também poderiam ter eliminado a transmissão do HIV de mãe para filho: as ilhas britânicas de Anguila e Montserrat, Barbados, Canadá, Estados Unidos e Porto Rico. Outros 14 conseguiram, supostamente, eliminar a sífilis congênita.

A OMS considera que um país eliminou a transmissão materno-infantil do HIV quando registra menos de dois bebés infectados para cada 100 nascidos de mães portadores do vírus. No caso da sífilis, é menos de um caso para cada 2.000 nascimentos vivos.

No âmbito da iniciativa da OPS, Cuba implementou nos últimos anos medidas como a assistência pré-natal precoce e exames de HIV e sífilis tanto para as mulheres grávidas como para os pais. Também oferece tratamento às mulheres cujo teste dá positivo e a seus bebés, além de fomentar medidas de prevenção, como o uso de preservativos.

Como resultado, refletido agora na certificação oficial da OMS, Cuba registrou em 2014 apenas os casos de dois bebés que nasceram com HIV e outros cinco com sífilis congénita, números inferiores aos mínimos para que se considere realizado o objetivo de eliminar a transmissão materno-infantil dessas doenças.

Como responder a quem diz que o leite faz mal

No mundo de hoje, há dois tipos de pessoas: as que toleram a lactose e as que não. Se você está no segundo grupo, não tem opção a não ser restringir os lácteos ou eliminá-los (conforme o grau de intolerância que tiver) para evitar problemas. Mas inclusive se você não tem dificuldade de ingerir leite e derivados, possivelmente acredita que esses alimentos possam causar danos ou prejudicar sua saúde; talvez tenha lido ou ouvido todo tipo de afirmações, muitas delas contraditórias, pois esse líquido branco suscita fortes paixões e fobias entre críticos e partidários. Não há motivo para o temor, como diz Giuseppe Russolillo, presidente da Fundação Espanhola de Dietistas-Nutricionistas: “Os membros da comunidade científica, e os nutricionistas em particular, veem o leite como o alimento biologicamente completo e muito apto para o consumo humano.”

A seguir, apresentamos algumas afirmações sobre o leite que podem confundir o consumidor. E oferecemos a informação para responder, com rigor, a essas sentenças frequentes.

“A maioria da população mundial não pode beber leite”

É verdade. Estima-se que dois terços da população mundial não podem ingerir a lactose depois dos oito anos. Um poderoso argumento para que essa maioria restrinja os lácteos (iogurtes e alguns queijos costumam ser bem digeridos pela maioria dos que têm intolerância, assim como pequenas quantidades de outros laticínios) ou não os consuma nos casos mais extremos. Para poder digerir o açúcar do leite, é necessária uma enzima chamada lactase. Na Europa, onde a capacidade de produção dessa enzima aumentou, entre 70% e 90% da população a produz (embora isso possa mudar ao longo da vida). Na Ásia e na África, ao contrário, a maioria dos habitantes são intolerantes, com taxas que superam 90% em muitos lugares. Por outro lado, existe a alergia ao leite (mais exatamente à sua proteína), que não tem nada a ver e afeta uma percentagem mínima da população – em geral, menos de 1%. Além disso, a alergia costuma ser transitória. Um conselho pode ser útil para quem sofre dela: não tome lácteos. Já para você que não tem intolerância nem é alérgico, mesmo que se compadeça e se solidarize com os demais, a afirmação que encabeça esse parágrafo não o impede de se deleitar.

 “O ser humano é o único animal que bebe leite após a amamentação"

Também é certo. Isso porque o ser humano é o único animal que desenvolveu a agricultura e pecuária. Também é o único que cozinha feijoada, que joga futebol e diz obviedades. Os traços que nos tornam humanos são exatamente os que apenas nós desenvolvemos – muitos deles bons, outros nem tanto. Além disso, embora a frase aí de cima geralmente seja aplicada como argumento contrário, poderia ser perfeitamente a favor. Há cerca de 8.000 anos, um grupo de humanos utilizou o leite para se alimentar na Europa e, com o tempo, acabou desenvolvendo a capacidade de digeri-lo. E onde o hábito foi adotado, a adaptação (ao longo de gerações) foi majoritária, de modo que a digestão da lactose parece mais uma vantagem evolutiva que um inconveniente.

“Os produtos lácteos contêm muita gordura saturada”

Para começar, há lácteos desnatados que praticamente não contêm gordura alguma. Entre os demais, alguns têm percentagens modestas (o leite integral tem 3,6% e um iogurte não desnatado tem ao redor de 3%). Esse é um terreno escorregadio, onde a evidência científica parece colocar em xeque ideias que estavam muito arraigadas. Como explica o nutricionista Juan Revenga, durante um tempo pensou-se que todas as gorduras saturadas eram ruins, mas novos estudos mostram que não se pode generalizar e que as provenientes do leite podem inclusive ser benéficas para a saúde.

“O leite está cheio de antibióticos e hormonas aplicados às vacas”

Começando pelo final, dar hormonas aos animais é uma prática proibida há anos. Aplicar antibióticos para fomentar o crescimento também é (na União Europeia desde 2006). Miguel Ángel Lurueña, doutor em ciência e tecnologia dos alimentos e autor do blog Gominolas de Petróleo, explica que os antibióticos só podem ser empregados em situações específicas, exclusivamente para fins de tratamento. “Caso sejam administrados, é necessário respeitar um tempo de espera para conseguir que o animal metabolize essas substâncias, a fim de que não estejam presentes no leite (ou na carne) em quantidades que possam representar um risco à saúde humana. Quem menos deseja que haja resíduos de antibióticos no leite é a indústria de alimentos: a presença dessas substâncias traz enormes inconvenientes, entre eles a impossibilidade de elaborar laticínios fermentados como queijo e iogurte. Isso porque os antibióticos podem impedir o desenvolvimento das bactérias que entram na sua elaboração”, diz Lurueña. A Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) publica todos os anos um relatório que mostra os resultados do controle que realiza periodicamente sobre os alimentos. No relatório do ano passado, apenas 0,09% do leite analisado apresentou uma quantidade de antibióticos acima dos limites estabelecidos por lei.

“O leite favorece o cancro”

Sobre esse tema não há conclusões científicas sólidas. Ou seja: se favorece ou impede o desenvolvimento do cancro, não seria de forma determinante, posto que não existe uma clara evidência de uma coisa ou de outra. Em todo caso, os estudos realizados vão na linha do que resume a Escola de Saúde Pública de Harvard: “Enquanto o cálcio e os lácteos podem reduzir o risco de cancro de cólon, um alto consumo desse grupo de alimentos poderia, possivelmente, aumentar ao mesmo tempo o risco de cancro de próstata e de ovário.” Os especialistas tomam essa afirmação com cuidado, já que foram encontradas correlações, mas não causalidades: ou seja, não se sabe se o que provoca um aumento ou uma redução dos tumores seja o leite; pode haver outros fatores na equação. “Esses valores tão estreitos não deveriam ser utilizados para fazer recomendações radicais ou excludentes demais”, conclui Luis Jiménez, químico e autor do livro Lo que dice la ciencia para adelgazar (“O que diz a ciência para emagrecer”).

“O leite produz catarro e favorece as constipações”

A comunidade científica não tem dúvidas sobre isso. É um mito sem nenhum fundamento. O pediatra Carlos González explica desse modo: “Como o catarro é um mecanismo de defesa das vias respiratórias contra as infecções, poderia-se considerar que essa é uma vantagem do leite. No entanto, vários estudos realizados com um grupo placebo (leite de vaca ou de soja com substâncias que maquiam a diferença do sabor) mostraram que isso não acontece. O leite não produz muco.”

 “Os lácteos contribuem para a osteoporose”

Não parece que seja assim. Como dizia numa entrevista de 2013 Sergio Calsamiglia, catedrático do Departamento de Ciência Animal e dos Alimentos da Faculdade de Veterinária da Universidade Autônoma de Barcelona, nos últimos 25 anos foram realizadas 138 pesquisas a respeito. E apenas duas indicaram uma maior incidência de osteoporose entre consumidores de leite. Na imensa maioria ocorreu o contrário. Calsamiglia afirma que esse panorama continua vigente. A Escola de Saúde Pública de Harvard conclui que o consumo de lácteos e cálcio parece “reduzir o risco de osteoporose”, como apontam dezenas de pesquisas.

E no outro extremo, alguém poderia dizer: “O leite é um alimento imprescindível para ter ossos saudáveis”

Isso é totalmente correto? O leite é uma rica fonte de cálcio, que é importante para os ossos. Portanto, os nutricionistas costumam recomendar sua ingestão para o aporte desse mineral. Mas o leite está longe de ser o único alimento que contém cálcio. Muitos outros também o oferecem, como os legumes e as frutas secas, e sua absorção pode inclusive ser melhor nesses casos. Além disso, como explica Revenga, para ter uma saúde óssea adequada existem muitos fatores em jogo. “A presença de cálcio na dieta é só um deles (e não tem por que ser o mais importante); também influem, e de forma importante: a adequada presença de vitaminas D e K; não consumir vitamina A em excesso; ter um adequado, não excessivo, aporte de proteína; não tomar refrigerante em excesso; e ter um padrão de vida ativo”, afirma.

Conclusão: Se você tem intolerância à lactose, é melhor não ingerir lácteos (ou consumir só alguns e em pequenas quantidades). Se tem alergia à proteína do leite, também deve evitá-los. Mas se não se enquadrar nos casos anteriores e gostar do leite e dos seus derivados, aproveite-os e saiba que o leite é um alimento completo cujo consumo habitual tem uma grande quantidade de benefícios em quantidades moderadas. Se você não gosta de lácteos, não quer toma-los, odeia-os, é filosoficamente contra eles por algum motivo ou quer se solidarizar com os que não podem prová-los, escolha outros alimentos que proporcionem uma dieta equilibrada. Nenhum é imprescindível.

Seis chaves para ser feliz, segundo a Universidade de Harvard,

Parece cada vez mais claro que a nova febre do ouro não está ligada a ficar milionário ou encontrar a fonte da juventude eterna. O tesouro mais cobiçado de nossos tempos é a felicidade, um conceito abstrato, subjetivo e difícil de definir, mas que está na boca de todos. A felicidade é até objeto de estudo da prestigiosa Universidade Harvard.

Alguns dos estudantes de psicologia dessa universidade americana têm sido um pouco mais felizes há vários anos, não apenas por estudar numa das melhores faculdades do mundo, mas também porque de fato aprenderam com um curso. O professor, Doutor Tal Ben-Shahar, é especialista em psicologia positiva, uma das correntes mais presentes e aceites no mundo e que ele próprio define como “a ciência da felicidade”. De fato, Ben-Shahar diz que a alegria pode ser aprendida, do mesmo modo como uma pessoa aprende a esquiar ou a jogar golfe: com técnica e prática.

Com o seu best-seller Being Happy e suas aulas magistrais, os princípios tirados dos estudos de Tal Ben-Shahar já deram a volta ao mundo sob o lema “não é preciso ser perfeito para levar uma vida mais rica e mais feliz”. O segredo parece estar em aceitar a vida tal como ela é; isso, segundo Ben-Shahar, “o libertará do medo do fracasso e das expectativas perfeccionistas”.

Embora mais de 1.400 alunos já tenham passado pelo seu curso de Psicologia de Liderança, ainda seria o caso de fazer a pergunta: será que alguma vez temos felicidade suficiente? “É precisamente a expectativa de sermos perfeitamente felizes que nos faz ser menos felizes”, ele explica.

Seguem os seis conselhos principais para ajudar as pessoas a se sentirem afortunadas e contentes:

1.Perdoe os seus fracassos. E mais: festeje-os! “Assim como é inútil se queixar do efeito da gravidade sobre a Terra, é impossível tentar viver sem emoções negativas, já que fazem parte da vida e são tão naturais quanto a alegria, a felicidade e o bem-estar. Aceitando as emoções negativas, conseguiremos nos abrir para desfrutar a positividade e a alegria”, diz o especialista. Temos que nos dar o direito de ser humanos e perdoar as nossas fraquezas. Ainda em 1992, Mauger e os seus colaboradores estudaram os efeitos do perdão, constatando que os baixos níveis de perdão estão relacionados à presença de transtornos como depressão, ansiedade e baixa autoestima.

2.Não veja as coisas boas como garantidas, mas seja grato por elas. Coisas grandes ou pequenas. “Essa mania que temos de achar que as coisas são garantidas e sempre estarão aqui têm pouco de realista.”

3.Pratique desporto. Para que isso funcione, não é preciso treinar num ginásio até se cansar ou correr 10 quilômetros por dia. Basta praticar um exercício suave, como caminhar em passo rápido por 30 minutos diários, para que o cérebro segregue endorfinas, essas substâncias que nos fazem sentir-nos “drogados” de felicidade, porque na realidade são opiáceos naturais produzidos por nosso próprio cérebro, que mitigam a dor e geram prazer. A informação é do corredor especialista e treinador de easyrunning Luis Javier González.

4.Simplifique, no lazer e no trabalho. “Precisamos identificar o que é verdadeiramente importante e nos concentrar sobre isso”, propõe Tal Ben-Shahar. Já se sabe que quem tenta fazer demais acaba conseguindo realizar pouco, e por isso o melhor é se concentrar em algo e não tentar fazer tudo ao mesmo tempo. O conselho não se aplica apenas ao trabalho, mas também à área pessoal e ao tempo de lazer: “É melhor desligar o telefone e se desligar do trabalho nessas duas ou três horas que você passa com a família”.

5.Aprenda a meditar. Esse simples hábitocombate o stress. Miriam Subirana, doutora pela Universidade de Barcelona, escritora e professora de meditação e mindfulness, assegura que “no longo prazo, a prática regular de exercícios de meditação ajuda as pessoas a enfrentar melhor as armadilhas da vida, superar as crises com mais força interior e ser mais elas mesmas baixo qualquer circunstância”. Ben-Shahar acrescenta que a meditação também é um momento conveniente para orientar nossos pensamentos para o lado positivo; embora não haja consenso de que o otimismo chegue a garantir o êxito, ele lhe trará um grato momento de paz.

6.Treine uma nova habilidade: a resiliência. A felicidade depende de nosso estado mental, não de nossa conta corrente. Concretamente, “nosso nível de felicidade vai determinar aquilo ao qual nos apegamos e a força do sucesso ou do fracasso”. Isso é conhecido como locus de controle, ou “o lugar em que situamos a responsabilidade pelos fatos” – um termo descoberto e definido pelo psicólogo Julian Rotterem meados do século 20 e muito pesquisado com relação ao caráter das pessoas: os pacientes depressivos atribuem seus fracassos a eles próprios e o sucesso a situações externas à sua pessoa, enquanto as pessoas positivas tendem a pendurar-se medalhas no peito, atribuindo os problemas a outros. Mas assim perdemos a percepção do fracasso como “oportunidade”, algo que está muito relacionado à resiliência, conceito que se popularizou muito com a crise e que foi emprestado originalmente da física e engenharia, áreas nas quais descreve a capacidade de um material de recuperar sua forma original depois de submetido a uma pressão deformadora. “Nas pessoas, a resiliência expressa a capacidade de um indivíduo de enfrentar circunstâncias adversas, condições de vida difíceis e situações potencialmente traumáticas, e recuperar-se, saindo delas fortalecido e com mais recursos”, diz o médico psiquiatra Roberto Pereira, diretor da Escola Basco-Navarra de Terapia Familiar.

Britânicas oferecem sexo em troca de ajuda para pagar universidade

150623102258_lady_624x351_thinkstock

É uma tendência em alta na Grã-Bretanha: mulheres buscam homens maduros e economicamente saudáveis que lhes ofereçam dinheiro para pagar estudos ou dar "mesadas" em troca de uma relação - os chamados"sugar daddy".

Estas relações são conhecidas como "mutuamente benéficas" ou "transacionais". Mas seria a busca por um "pai rico" uma forma aceite socialmente para se referir ao trabalho sexual?

Freya tem 22 anos. Veste uma calça de ginasio e uma tshirt gasta. Expressa-se de forma natural e confiante.

A jovem decidiu começar a dormir com homens mais velhos em troca de dinheiro ainda na universidade. "Eu amo sexo", diz Freya. "E, você sabe, eu sou muito boa nisso. Então, conquistar um 'sugar daddy', ou dois, foi uma decisão fácil".

Ela é uma das muitas estudantes na Grã-Bretanha que, cercadas por dívidas, se tornaram "sugar babies": jovens mulheres que aceitam relações com homens mais velhos e ricos em troca de dinheiro e presentes.

"Meu 'sugar daddy' casado, deu-me cerca de mil libras por uma noite. Ele estava interessado apenas em sexo. Já o meu 'sugar daddy'divorciado me dava entre mil e 2 mil libras como mesada", diz.

Freya diz ter trabalhado duro para pagar as contas durante a universidade. "Trabalhava em dois empregos durante meu primeiro ano".

"Era horrível - ganhava 5 libras por hora trabalhando num bar e isso estava a atrapalhar os meus estudos".

Apesar de reconhecer que o que fazia era um trabalho sexual, Freya diz acreditar que sempre manteve um certo grau de controle. "Eram homens muito atraentes - eu escolhi com muito cuidado".

"Sim, na verdade, é prostituição, mas acho que existe um estigma ridículo ligado a esta palavra".

Mary, mãe de Freya, também aceitou ser entrevistada pela BBC, e não parecia incomodada pelas decisões da filha.

"Na verdade, eu tenho muito orgulho dela", diz Mary. "Acho que é uma coisa muito valente de se fazer e estou feliz por ela me ter consultado. Claro que os meus amigos se manifestaram contra".

Mas o dinheiro faltava na família, diz a mãe, divorciada e com outros filhos que também iriam para a universidade.

"Assim que eu vi que Freya estava realmente feliz e gostava do que fazia, não vi nenhum problema e achei que isso era uma boa solução", diz Mary.

"Todas as crianças nascem com talentos. Minha família nasceu com beleza e atração sexual. É como uma commodity".

Sites de relacionamentos que intermedeiam contatos com "sugar daddies" não definem suas atividades como um serviço de venda sexual, já que isso os colocaria sob risco do ponto de vista legal. Mas só os mais ingênuos não percebem a real finalidade destes espaços.

"Inscreva-se na Universidade Sugar Baby hoje e consiga um patrocinador generoso que pague sua educação", diz uma voz feminina num anúncio online.

Angela Jacob Bermudo é diretora de imprensa desta página. "Não acredito que (os usuários) esperem por sexo. Diria que aspiram por ele", diz.

"Uma 'sugar baby' conquista estabilidade financeira com uma mesada", diz Angela. "E (ganha) um mentor e oportunidades de networking. Na Grã-Bretanha, estudantes são quem mais procuram este tipo de serviços".

A 'sugar baby' Alana, de 28 anos, ri. "São as jovens garotas que têm o poder! Eu tenho o poder".

Ela considera esta atividade como um parque de diversões para adultos. "Perdi a conta do número de bolsas Louis Vuitton, das férias - Nova York, as Bahamas".

Alana diz que, atualmente, tem 13 "pais ricos", mas que chegou a ter quase 40 durante os anos da faculdade. Quase todos são investidores. Ela diz ter dormido com apenas três deles.

"Sempre termino ganhando aquilo que quero. E esta é a grande razão de tudo isso. Você tem que saber jogar este jogo".

A jovem, entretanto, diz sentir falta de um namorado.

"Às vezes você se sente sozinha. À noite, enquanto assiste a um filme, e gostaria da companhia de alguém. Não só um homem, mas de um parceiro, de um namorado".

"Mas isso seria bom o bastante para mim agora? Seria satisfatório?"

Mike, de 38 anos, trabalha em tecnologia digital e diz não ter tempo para encontrar uma parceira. Assim, nos últimos três anos, optou por estes relacionamentos.

Paga à sua atual companheira 2 mil libras, além de mil libras em compras.

"Já passei por isso, tentei, fiz... dou dinheiro para alguém que está decidida a ter um certo tipo de relacionamento. Há expectativas de ambos os lados", diz ele, que se define solteiro.

Mike espera ter relações sexuais com a mulher a quem paga. Gosta que seus relacionamentos sejam monogâmicos e de longa duração e fala de forma carinhosa sobre as garotas com quem está.

"O máximo que eu gastei num relacionamento foi cerca de 40 mil libras", disse. "Por um fim de semana".

Ele admite ter se decepcionado com relacionamentos anteriores nos quais meninas não lhe foram agradecidas. Mas diz que nunca se sentiu usado.

"Vejo os meus pais: eles têm 70 anos e estão casados há mais de 50. Até hoje, o meu pai coloca dinheiro na conta da minha mãe todas as semanas. Qual a diferença?"

Catherine, de 21 anos, estuda Direito numa boa universidade britânica. Diz que, assim que iniciar os seus estudos finais, deixará o seu relacionamento.

Ela elogiou o seu "pai rico" Mark como "o homem mais carinhoso do mundo, que literalmente respeita todas as minhas decisões". Ele paga a renda da casa e as taxas escolares.

Catherine diz ter deixado claro desde o começo que não gostaria de uma relação física com Mark. Mas ela admite que se sentiu mal "por aceitar dinheiro e não dar nada em troca".

Concordou, então, com um relacionamento físico e, logo depois, viu a sua remuneração subir de 700 libras para 1,2 mil libras por mês.

"Ele quer que eu seja de uma certa maneira. Ele quer que eu faça várias coisas para ele, fisicamente e mentalmente", reclama. "Mas ele é tão generoso para mim. Você sabe, é dinheiro fácil".

Por outro lado, Raquel, de 21 anos, vê a situação como perigosa. Uma tímida estudante de idiomas em outra prestigiada universidade, se inscreveu num site de relacionamentos sugar enquanto ainda estava no colégio, após ouvir os seus pais discutindo por dinheiro.

Viu nessa saída uma "maneira rápida de conseguir dinheiro sem ter que fazer muito".

O seu primeiro encontro terminou de maneira brutal após o homem com quem havia saído tê-la levado para o estacionamento e tentado violar.

Mas a necessidade em conseguir dinheiro levou-a a tentar novamente. Por 18 meses, Rachel encontrou-se com um homem de cerca de 50 anos. Nunca dormiu com ele.

"Ele era solteiro e um pouco velho e não tinha nenhum amigo", diz. "Ele só queria companhia porque estava muito sozinho. Ele me dava 100 libras e saíamos para jantar. Ele também me ajudava a comprar livros".

Rachel terminou a relação não porque ele estava exigindo mais dela, mas por sentir estar explorando-o. Quando fala sobre isso, está claramente tentando controlar as lágrimas.

"Gostava dele como pessoa e me senti muito mal".

Contra as dietas detox e os gurus anti científicos,

1434382079_696702_1435084968_noticia_normal

Comprovado: a evolução humana atrofia o cérebro e aumenta os níveis de estupidez no sangue. Só assim se pode explicar que as dietas detox tenham mais seguidores do que nunca.

Eu mesmo, faz alguns anos, fiz a famosa limpeza hepática de Andreas Moritz, que prometeàs suas vítimas a eliminação de cálculos armazenados no fígado. Pois bem, é um engano. Este verbete do blog de Centinel lo explica: os supostos cálculos que são expelidos depois que nos fartamos de sumo de maçã, sais de magnésio, azeite e suco de toranja são, precisamente, a mistura de ácido cítrico, magnésio e azeite.

Felizmente! Se um só cálculo renal pode ser tão doloroso quanto afirmam os que sofreram com o problema, não quero nem pensar que níveis de dor seriam alcançados com dezenas de pedrinhas verdes no fígado.

 Por que fiz aquela dieta? Suponho que por motivos parecidos com os de qualquer pessoa que começa um detox. Tinha um problema e muita vontade de acreditar que existia um atalho para solucionar algo que foi solucionado mais tarde por um médico.

Não, as dietas detox não funcionam, nem existem superalimentos, e disciplinas como a psiconeuroimunologia são pseudociências. A propósito da última, Julio Basulto, formado em Nutrição Humana e Dietética pela Universidade de Barcelona e autor de Chega de Dieta [No más dieta, título original], afirma que “a psiconeuroimunologia não é uma profissão da área de saúde e quem a pratica não tem por que ser psicólogo, neurologista ou imunologista”.

Não existem superalimentos. Nem a couve, nem a alga spirulina, nem a quinoa. O médico Francisco Botella Romero, professor associado de Nutrição da Universidade de Castilla La Mancha, desmonta alguns argumentos sobre o assunto: "A couve-de-folhas ou kale; que antes chamávamos apenas de couve, nome menos glamouroso, tem muito ferro e cálcio, mas esses minerais se encontram em forma pouco assimilável pelo intestino humano. A quinoa, que é um alimento muito bom, pode ser substituída perfeitamente por qualquer humilde legume de consumo habitual. E a spirulina, que pode ser uma excelente fonte de iodo, que podemos encontrar no peixe ou no leite, não tem nenhum valor nutricional especial. Não temos necessidade de gastar mais ou ingerir alimentos exóticos para que nossa dieta seja saudável, apetecível e barata”.

Em termos médicos e fisiológicos, a palavra detox é um contra-senso. O corpo humano é um grande filtro que sintetiza e expele as substâncias nocivas que entram nele. Se você está saudável, seu corpo eliminará o que não necessita.

Mas em ritmo próprio. Nada pode acelerar o processo. JM Mulet, professor de Bioquímica da Universidade Politécnica de Valência e autor de Medicina sem Enganos [Medicina sin Engaños], observa que "os únicos detox que conheço são uma lavagem estomacal, uma diálise ou uma injeção de quelante, os tratamentos típicos para intoxicações. Em estado normal não estamos intoxicados. E, se realmente estivermos, temos um problema sério que não se cura bebendo sumo.” No mesmo sentido, o presidente da Fundação Alimentação Saudável, o médico Jesús Román, diz que “o corpo humano inventou há milênios um bom sistema detox: fígado, rins, suor, fezes, urina... todos os dias nosso corpo se depura sem necessidade de fazer dietas desintoxicantes, cuja eficácia seria mais do que duvidosa.”

As dietas detox que prometem remediar nossos excessos são a melhor maneira de embarcar no autoengano. “Não existem dietas detox”, diz o médico Francisco Botella Romero. “Existe a alimentação saudável, aquela que está associada a uma menor incidência de problemas cardiovasculares, diabete melito e obesidade, entre outros males, e que inclui uma ampla variedade de alimentos.”

É isso mesmo: para evitar que o seu fígado acabe como o de um pato usado para fazer foie gras, reduza a ingestão de álcool e outras drogas. Mas se você prefere seguir o conselho de renomados especialistas no assunto, como Gwyneth Paltrow, Patricia Montero e Mariló, siga em frente.

O pior, contudo, não é que muitos crédulos sejam vítimas do engodo das detox da indústria que os rodeia. O pior são os supostos profissionais que as divulgam, soltando barbaridades como “a alimentação é uma grande aliada para tratar o cancro”. Julio Basulto diz que afirmações como esta “contradizem o maior painel de especialistas em cancro, o Fundo Mundial para a Pesquisa do Cancro, que sempre repete que não há dieta capaz de curar essa doença”.

Segundo os gurus anticientíficos da alimentação saudável, milhares de pesquisadores em todo o mundo são idiotas porque ainda não sabem que várias doenças muito graves são revertidas com dietas milagrosas e produtos mágicos. Mas não. No caso do cancro, por exemplo, parece que muitas ocorrências devem-se ao acaso e a uma questão de degeneração celular. Embora todos os especialistas consultados digam que uma alimentação saudável ajuda a prevenir (não curar) certos tipos de cancro.

Não serei eu a recomendar que você saia para comer um quilo de linguiça. Mas, se fizer isso, não se torture. Divirta-se. E, durante o resto da semana, procure manter uma dieta rígida em algo que falta nas dietas detox e nos supostos nutricionistas que as defendem: senso comum.