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jornaldodiaadia

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Portugal - A BOMBA RELÓGIO

O analista britânico Matthew Lynn afirma esta quarta-feira na sua coluna de opinião no WSJ Market Watch que o nível de dívida pública portuguesa, acima dos 130%, poderá ser já “insustentável”.

No artigo em causa, “Forget Greece, Portugal is the eurozone’s next crisis“, Lynn salienta que Portugal tem o maior índice de dívida publica em percentagem de PIB na zona Euro, e que a maior parte da dívida é detida por estrangeiros.

Segundo o financeiro, a economia portuguesa não se encontra no estado de permanente crise da economia grega, que “está nos cuidados intensivos”, mas não parece capaz de conseguir uma recuperação sustentada.

Portugal, diz Lynn, “ainda está em sarilhos“, e poderá ter que enfrentar uma situação de incumprimento. Lynn antecipa mesmo que as eleições legislativas de Outubro poderão despoletar uma segunda crise em Portugal.

“À superfície, Portugal parece estar muito melhor do que há três anos, depois de ter saído com êxito do programa de assistência da troika“, continua o analista, “e a economia parece estar a crescer”.

Se, depois da Irlanda, também Portugal conseguir efectivamente recuperar da crise, “será uma vitória estrondosa para a União Europeia e para o FMI”, cuja receita baseada em austeridade se revelou “umacatástrofe” na Grécia.

O problema, diz Lynn, é que Portugal poderá afinal não estar salvo.

Segundo o analista, a evolução positiva de alguns dos principais indicadores económicos – consumo, desemprego, exportações, investimento – parecem não ser sustentadas.

Mas o verdadeiro problema, defende o cronista, é mesmo a dívida.

Portugal tem uma dívida pública de 130% do PIB, e 70% dela é detida por estrangeiros.

Até há países, como a Finlândia ou a Letónia, com maior percentagem de dívida detida por estrangeiros. Mas têm muito pouco endividamento. Itália, por outro lado, tem uma enorme dívida pública – mas quase toda contraída internamente.

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O problema agrava-se quando se junta à equação o endividamento das empresas e das famílias. Somados os três indicadores, Portugal tem a maior dívida da zona Euro – maior ainda que a da Grécia.

“A certa altura”, diz Matthew Lynn, “todos esses credores estrangeiros vão perceber que poderão ter que perder parte dessa dívida. Quando tal acontecer, haverá uma corrida para vender dívida portuguesa”.

“E as eleições que estão à porta podem ser o rastilho para essa corrida“, conclui.

Traçado o relato de um país que é uma bomba-relógio com data marcada para Outubro, resta a Portugal contrariar esta visão e confirmar que saiu mesmo da crise.

Até porque já antes se chamou tal coisa a Portugal e a bomba ainda não explodiu.