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jornaldodiaadia

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Como responder a quem diz que o leite faz mal

No mundo de hoje, há dois tipos de pessoas: as que toleram a lactose e as que não. Se você está no segundo grupo, não tem opção a não ser restringir os lácteos ou eliminá-los (conforme o grau de intolerância que tiver) para evitar problemas. Mas inclusive se você não tem dificuldade de ingerir leite e derivados, possivelmente acredita que esses alimentos possam causar danos ou prejudicar sua saúde; talvez tenha lido ou ouvido todo tipo de afirmações, muitas delas contraditórias, pois esse líquido branco suscita fortes paixões e fobias entre críticos e partidários. Não há motivo para o temor, como diz Giuseppe Russolillo, presidente da Fundação Espanhola de Dietistas-Nutricionistas: “Os membros da comunidade científica, e os nutricionistas em particular, veem o leite como o alimento biologicamente completo e muito apto para o consumo humano.”

A seguir, apresentamos algumas afirmações sobre o leite que podem confundir o consumidor. E oferecemos a informação para responder, com rigor, a essas sentenças frequentes.

“A maioria da população mundial não pode beber leite”

É verdade. Estima-se que dois terços da população mundial não podem ingerir a lactose depois dos oito anos. Um poderoso argumento para que essa maioria restrinja os lácteos (iogurtes e alguns queijos costumam ser bem digeridos pela maioria dos que têm intolerância, assim como pequenas quantidades de outros laticínios) ou não os consuma nos casos mais extremos. Para poder digerir o açúcar do leite, é necessária uma enzima chamada lactase. Na Europa, onde a capacidade de produção dessa enzima aumentou, entre 70% e 90% da população a produz (embora isso possa mudar ao longo da vida). Na Ásia e na África, ao contrário, a maioria dos habitantes são intolerantes, com taxas que superam 90% em muitos lugares. Por outro lado, existe a alergia ao leite (mais exatamente à sua proteína), que não tem nada a ver e afeta uma percentagem mínima da população – em geral, menos de 1%. Além disso, a alergia costuma ser transitória. Um conselho pode ser útil para quem sofre dela: não tome lácteos. Já para você que não tem intolerância nem é alérgico, mesmo que se compadeça e se solidarize com os demais, a afirmação que encabeça esse parágrafo não o impede de se deleitar.

 “O ser humano é o único animal que bebe leite após a amamentação"

Também é certo. Isso porque o ser humano é o único animal que desenvolveu a agricultura e pecuária. Também é o único que cozinha feijoada, que joga futebol e diz obviedades. Os traços que nos tornam humanos são exatamente os que apenas nós desenvolvemos – muitos deles bons, outros nem tanto. Além disso, embora a frase aí de cima geralmente seja aplicada como argumento contrário, poderia ser perfeitamente a favor. Há cerca de 8.000 anos, um grupo de humanos utilizou o leite para se alimentar na Europa e, com o tempo, acabou desenvolvendo a capacidade de digeri-lo. E onde o hábito foi adotado, a adaptação (ao longo de gerações) foi majoritária, de modo que a digestão da lactose parece mais uma vantagem evolutiva que um inconveniente.

“Os produtos lácteos contêm muita gordura saturada”

Para começar, há lácteos desnatados que praticamente não contêm gordura alguma. Entre os demais, alguns têm percentagens modestas (o leite integral tem 3,6% e um iogurte não desnatado tem ao redor de 3%). Esse é um terreno escorregadio, onde a evidência científica parece colocar em xeque ideias que estavam muito arraigadas. Como explica o nutricionista Juan Revenga, durante um tempo pensou-se que todas as gorduras saturadas eram ruins, mas novos estudos mostram que não se pode generalizar e que as provenientes do leite podem inclusive ser benéficas para a saúde.

“O leite está cheio de antibióticos e hormonas aplicados às vacas”

Começando pelo final, dar hormonas aos animais é uma prática proibida há anos. Aplicar antibióticos para fomentar o crescimento também é (na União Europeia desde 2006). Miguel Ángel Lurueña, doutor em ciência e tecnologia dos alimentos e autor do blog Gominolas de Petróleo, explica que os antibióticos só podem ser empregados em situações específicas, exclusivamente para fins de tratamento. “Caso sejam administrados, é necessário respeitar um tempo de espera para conseguir que o animal metabolize essas substâncias, a fim de que não estejam presentes no leite (ou na carne) em quantidades que possam representar um risco à saúde humana. Quem menos deseja que haja resíduos de antibióticos no leite é a indústria de alimentos: a presença dessas substâncias traz enormes inconvenientes, entre eles a impossibilidade de elaborar laticínios fermentados como queijo e iogurte. Isso porque os antibióticos podem impedir o desenvolvimento das bactérias que entram na sua elaboração”, diz Lurueña. A Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) publica todos os anos um relatório que mostra os resultados do controle que realiza periodicamente sobre os alimentos. No relatório do ano passado, apenas 0,09% do leite analisado apresentou uma quantidade de antibióticos acima dos limites estabelecidos por lei.

“O leite favorece o cancro”

Sobre esse tema não há conclusões científicas sólidas. Ou seja: se favorece ou impede o desenvolvimento do cancro, não seria de forma determinante, posto que não existe uma clara evidência de uma coisa ou de outra. Em todo caso, os estudos realizados vão na linha do que resume a Escola de Saúde Pública de Harvard: “Enquanto o cálcio e os lácteos podem reduzir o risco de cancro de cólon, um alto consumo desse grupo de alimentos poderia, possivelmente, aumentar ao mesmo tempo o risco de cancro de próstata e de ovário.” Os especialistas tomam essa afirmação com cuidado, já que foram encontradas correlações, mas não causalidades: ou seja, não se sabe se o que provoca um aumento ou uma redução dos tumores seja o leite; pode haver outros fatores na equação. “Esses valores tão estreitos não deveriam ser utilizados para fazer recomendações radicais ou excludentes demais”, conclui Luis Jiménez, químico e autor do livro Lo que dice la ciencia para adelgazar (“O que diz a ciência para emagrecer”).

“O leite produz catarro e favorece as constipações”

A comunidade científica não tem dúvidas sobre isso. É um mito sem nenhum fundamento. O pediatra Carlos González explica desse modo: “Como o catarro é um mecanismo de defesa das vias respiratórias contra as infecções, poderia-se considerar que essa é uma vantagem do leite. No entanto, vários estudos realizados com um grupo placebo (leite de vaca ou de soja com substâncias que maquiam a diferença do sabor) mostraram que isso não acontece. O leite não produz muco.”

 “Os lácteos contribuem para a osteoporose”

Não parece que seja assim. Como dizia numa entrevista de 2013 Sergio Calsamiglia, catedrático do Departamento de Ciência Animal e dos Alimentos da Faculdade de Veterinária da Universidade Autônoma de Barcelona, nos últimos 25 anos foram realizadas 138 pesquisas a respeito. E apenas duas indicaram uma maior incidência de osteoporose entre consumidores de leite. Na imensa maioria ocorreu o contrário. Calsamiglia afirma que esse panorama continua vigente. A Escola de Saúde Pública de Harvard conclui que o consumo de lácteos e cálcio parece “reduzir o risco de osteoporose”, como apontam dezenas de pesquisas.

E no outro extremo, alguém poderia dizer: “O leite é um alimento imprescindível para ter ossos saudáveis”

Isso é totalmente correto? O leite é uma rica fonte de cálcio, que é importante para os ossos. Portanto, os nutricionistas costumam recomendar sua ingestão para o aporte desse mineral. Mas o leite está longe de ser o único alimento que contém cálcio. Muitos outros também o oferecem, como os legumes e as frutas secas, e sua absorção pode inclusive ser melhor nesses casos. Além disso, como explica Revenga, para ter uma saúde óssea adequada existem muitos fatores em jogo. “A presença de cálcio na dieta é só um deles (e não tem por que ser o mais importante); também influem, e de forma importante: a adequada presença de vitaminas D e K; não consumir vitamina A em excesso; ter um adequado, não excessivo, aporte de proteína; não tomar refrigerante em excesso; e ter um padrão de vida ativo”, afirma.

Conclusão: Se você tem intolerância à lactose, é melhor não ingerir lácteos (ou consumir só alguns e em pequenas quantidades). Se tem alergia à proteína do leite, também deve evitá-los. Mas se não se enquadrar nos casos anteriores e gostar do leite e dos seus derivados, aproveite-os e saiba que o leite é um alimento completo cujo consumo habitual tem uma grande quantidade de benefícios em quantidades moderadas. Se você não gosta de lácteos, não quer toma-los, odeia-os, é filosoficamente contra eles por algum motivo ou quer se solidarizar com os que não podem prová-los, escolha outros alimentos que proporcionem uma dieta equilibrada. Nenhum é imprescindível.

O Nobel Paul Krugman não é grego, mas votaria "não". Por duas razões

O prémio Nobel da Economia Paul Krugman não é grego. Por isso, não votará no referendo às propostas dos credores internacionais do próximo domingo. Mas, se Krugman fosse grego, o sentido de voto já estaria definido: "Não"."Por duas razões", escreve o norte-americano no blogue que mantém no jornal "New York Times", Paul Krugman faz campanha a favor do "não". E fá-lo assente em dois argumentos-base.Primeiro, sair do euro é melhor do que continuar com o mesmo programa que os credores impuseram nos últimos cinco anos. "Onde é que está a esperança nesta proposta?", questiona o economista.

E, segundo, votar "sim" na consulta popular , na óptica do vencedor do Nobel da Economia em 2008, teria como resultado a necessidade de substituir o Syriza do poder. "E mesmo para quem não gosta do Syriza, isso seria preocupante para quem acredita nos ideais europeus."

Em sentido contrário a esta tese, o editorial do jornal económico "Financial Times" (FT) de domingo diz que Tsipras não está a ser honesto com o povo grego. O FT argumenta que a questão está colocada como se o que estivesse em causa fossem as medidas de austeridade, quando o que se joga é o futuro da Grécia na zona euro.

Krugman argumenta que os cenários mais catastróficos já estão a acontecer: "OK, isto é real. Os bancos gregos estão fechados, o controlo de capitais foi imposto", escreveu o Nobel.

"'Grexit' [saída da Grécia do euro] não está assim tão longe — a temida corrida aos bancos já está a ocorrer, o que significa que a análise dos custos-benefícios a partir de agora começa a ser mais favorável do que nunca à saída do euro", defende Paul Krugman.

Stiglitz. O projecto da zona euro "nunca foi democrático"Outro Nobel da Economia, Joseph Stiglitz, é também muito crítico do rumo europeu.Num artigo publicado pelo jornal inglês "The Guardian", Stiglitz afirma que finalmente está a cair a máscara aos líderes europeus, que "começam a revelar a verdadeira natureza da actual disputa".  "Isto tem muito mais a ver com o poder e democracia e não com dinheiro e economia", escreve. "O projecto da zona euro nunca foi muito democrático."

Para o Nobel, cinco anos de vigência de programas da troika na Grécia só pioraram a situação do país. Stiglitz diz que muito do dinheiro que chegou à Grécia emprestado pelas instituições internacionais serviu para pagar a credores privados alemães e franceses, não chegando sequer entrar na economia do país.

O economista chama a atenção para o que diz ser programa macroeconómico completamente desajustado. "A Grécia transformou um grande défice primário num 'superavit', o que poucos países conseguiram em cinco anos. Isto, no entanto, teve custos extremamente altos em termos de custos humanos, sendo que as propostas gregas mais recentes foram na direcção do que era exigido pelos credores".

Depois de traçar um cenário negro sobre o que aconteceu na Grécia desde 2010, Stiglitz começa a analisar as consequências de cada um dos resultados do referendo de 5 de Julho.

"Nenhuma das alternativas – aprovação ou rejeição – é fácil e ambas acarretam riscos muito grandes. Um voto no 'sim' significa depressão sem fim. Talvez um país na miséria –  que vendeu todas as suas mais-valias e que fez com que os jovens emigrassem – possa finalmente conseguir uma perdão da dívida e a redução dos rendimentos da classe média possa levar a que finalmente a Grécia possa obter assistência no Banco Mundial."Por oposição, o economista diz que votar "não" abre pelo menos a possibilidade de a Grécia assumir o seu próprio destino. "Os gregos teriam de novo a possibilidade de definir o futuro, que, apesar de poder não ser tão próspero como o passado, trará mais esperança do que a tortura do presente".

Joseph Stiglitz termina o texto assim: "Eu não tenho dúvidas sobre qual seria a minha opção."

Como nove juízes vitalícios moldaram a sociedade dos EUA

Os nove juízes da Corte Suprema, nomeados pelo presidente dos Estados Unidos e ratificados pelo Senado, possuem cargos vitalícios. Sua influência é muitas vezes maior do que a do presidente. Suas decisões são inapeláveis, ninguém pode demiti-los, não prestam contas. Antidemocrático? Não. Na maior parte dos casos, o tribunal manteve a sintonia com os pontos de vista da maioria da população. Os juízes, escreveu o cientista político Robert McCloskey no clássicoThe American Supreme Court (A Corte Suprema dos Estados Unidos, publicado originalmente em 1960), “raramente se afastaram muito da corrente principal da vida americana e raramente superestimaram seus próprios recursos”.

Assim os juízes modelaram a sociedade americana (alguns exemplos):

A FAVOR DA ESCRAVIDÃO. Possivelmente o caso Dred Scott contra Sandford, de 1857, seja a decisão mais vergonhosa na história da Corte Suprema. Os juízes decidiram que os escravos não eram cidadãos e que o Congresso não poderia proibir a escravidão nos novos territórios dos Estados Unidos. Quatro anos depois, começou a Guerra Civil.

INTEGRAÇÃO NAS ESCOLAS. A decisão do caso Brown contra o Conselho de Educação de Topeka, em 1954, tornou ilegal a segregação racial nas escolas. A base legal, como na decisão que legalizou o casamento gay nesta sexta-feira, é a 14ª Emenda à Constituição, que garante a igualdade perante a lei.

CASAMENTO INTER-RACIAL.Mildred Jeter, uma mulher branca, e Richard Loving, um homem negro, foram presos várias vezes por violar as leis que proibiam casamentos entre raças diferentes. No caso Loving contra o Estado de Virginia, de 1967, os juízes decidiram que tais proibições em vários Estados eram inconstitucionais.

ABORTO LEGAL. A decisão sobre o caso Roe contra Wade, em 1973, reconheceu o direito ao aborto em todo o país, porém, mais de quatro décadas depois o debate permanece aberto e as divisões entre progressistas e conservadores persistem.

RECONTAGEM NA FLÓRIDA.No caso Bush contra Gore, a Corte Suprema interrompeu a recontagem dos votos na Flórida, o Estado que decidiria a disputada eleição presidencial do ano 2000. A consequência foi a vitória do republicano George W. Bush contra Al Gore, seu adversário democrata.

FINANCIAMENTO ELEITORAL. No caso Citizens United contra FEC de 2010, a Corte Suprema abriu a porta ao financiamento ilimitado das campanhas políticas. A decisão contrapôs os juízes ao presidente Barack Obama.

REFORMA DA SAÚDE. Em duas sentenças, em 2012 e 2015, a Corte Suprema aprovou a reforma da saúde, o projeto central de Obama nessa área. A Corte Suprema, adversária alguns anos atrás, tornou-se uma grande aliada do presidente.

O governo dos banqueiros

A última sentença do Tribunal de Justiça Europeu [que permite ao Banco Central Europeu (BCE) comprar dívida soberana para combater a crise do euro] lança uma luz prejudicial sobre a falida construção de uma união monetária sem união política. No verão de 2012, todos os cidadãos tiveram que agradecer a Mario Draghi, presidente do BCE, que com uma só frase [“farei o necessário para sustentar o euro”] salvou a moeda das desastrosas consequências de um colapso que parecia iminente. Ele tirou do sufoco o Eurogrupo ao anunciar que, caso fosse preciso, compraria dívida pública em quantidade ilimitada. Draghi teve que dar um passo à frente porque os chefes de Governo eram incapazes de agir pelo interesse comum da Europa; todos estavam hipnotizados, prisioneiros de seus respectivos interesses nacionais. Naquele momento, os mercados financeiros reagiram – diminuindo a tensão – diante de uma única frase, a frase com a qual o presidente do BCE simulou uma soberania fiscal que absolutamente não possuía. Porque agora, assim como antes, são os bancos centrais dos países-membros os que aprovam os créditos, em última instância. O Tribunal Europeu não pode referendar essa competição contrária ao texto literal dos tratados europeus; mas as consequências de sua sentença deixam implícito que o BCE, com escassas limitações, pode cumprir o papel de credor de última instância.

O tribunal abençoou um ato salvador que não obedece em nada à Constituição, e o Tribunal Constitucional alemão apoiará essa sentença acrescentando as sutilezas às quais estamos acostumados. Alguém poderia estar tentado a afirmar que os guardiões do direito dos tratados europeus se vêem obrigados a aplicá-lo, ainda que indiretamente, para mitigar, caso a caso, as consequências indesejadas das falhas de construção da união monetária. Defeitos que só podem ser corrigidos mediante uma reforma das instituições, conforme juristas, cientistas políticos e economistas vêm demonstrando há anos. A união monetária continuará sendo instável enquanto não for complementada pela união bancária, fiscal e económica. Mas isso significa – se não quisermos declarar abertamente que a democracia é um mero objeto decorativo – que a união monetária deve se desenvolver para se transformar em uma união política. Aqueles acontecimentos dramáticos de 2012 explicam por que Draghi nada contra a corrente de uma política míope – até mesmo insensata.

Estamos outra vez em crise com Atenas porque, já em maio de 2010, a chanceler alemã se importava mais com os interesses dos investidores do que com quitar a dívida para sanar a economia grega. Neste momento, evidencia-se outro déficit institucional. O resultado das eleições gregas representa o voto de uma nação que se defende com uma maioria clara contra a tão humilhante e deprimente miséria social da política de austeridade imposta ao país. O próprio sentido do voto não se presta a especulações: a população rejeita a continuação de uma política cujo fracasso as pessoas já sentiram de forma drástica em suas próprias peles. De posse dessa legitimação democrática, o Governo grego tentou induzir uma mudança de políticas na zona do euro. E tropeçou em Bruxelas com os representantes de outros 18 Governos, que justificam sua recusa remetendo friamente a seu próprio mandato democrático. Recordemos os primeiros encontros, quando os novatos – que se apresentavam de maneira prepotente motivados por sua vitória arrebatadora – ofereciam um grotesco espetáculo de troca de golpes com os residentes, que reagiam em parte de forma paternalista, em parte de forma desdenhosa e rotineira. Ambas as partes insistiam como papagaios que tinham sido autorizadas cada uma por seu respectivo “povo”. A comicidade involuntária desse estreito pensamento nacional-estatal expôs com grande eloquência, diante da opinião pública europeia, aquilo que realmente é necessário: formar uma vontade política comum entre os cidadãos em relação com as transcendentais fraquezas políticas no núcleo europeu.

As negociações para se chegar a um acordo em Bruxelas travam porque ambas as partes culpam a esterilidade de suas conversas não às falhas de construção de procedimentos e instituições, mas sim à má conduta de seus membros. O acordo não está fracassando por causa de alguns bilhões a mais ou a menos, nem por causa de um ou outro imposto, mas unicamente porque os gregos exigem que a economia e a população explorada pelas elites corruptas tenham a possibilidade de voltar a funcionar através da quitação da dívida ou uma medida equivalente, como, por exemplo, uma moratória dos pagamentos vinculada ao crescimento. Os credores, por outro lado, não cedem no empenho para que se reconheça uma montanha de dívidas que a economia grega jamais poderá saldar. É indiscutível que a quitação da dívida será irremediável, a curto ou a longo prazo. No entanto, os credores insistem no reconhecimento formal de uma carga que, de fato, é impossível de ser paga. Até pouco tempo atrás, eles mantinham inclusive a exigência, literalmente fantástica, de um superávit primário superior a 4%. É verdade que essa demanda foi baixada para 1%, que tampouco é realista. Mas, até o momento, a tentativa de se chegar a um acordo, do qual depende o destino da União Europeia, fracassou por causa da exigência dos credores de sustentar uma ficção.

 Naturalmente, os países doadores têm razões políticas para sustentá-la, já que no curto prazo isso permite adiar uma decisão desagradável. Temem, por exemplo, um efeito dominó em outros países devedores. E Angela Merkel também não está segura de sua própria maioria no Bundestag. Mas não há nenhuma dúvida quanto à necessidade de rever uma política equivocada à luz de suas consequências contraproducentes. Por outro lado, também não se pode culpar apenas uma das partes pelo desastre. Não posso julgar se há uma estratégia meditada por trás das manobras táticas do Governo grego, nem o que deve ser atribuído a imposições políticas, à inexperiência ou à incompetência dos negociadores. Essas circunstâncias difíceis não permitem explicar por que o Governo grego faz com que seja difícil até mesmo para seus simpatizantes discernir um rumo em seu comportamento errático.

Não se vê nenhuma tentativa razoável de construir coligações; não se sabe se os nacionalistas de esquerda têm uma ideia um tanto egocêntrica da solidariedade e impulsionam a permanência na zona do euro apenas por razões de astúcia, ou se sua perspectiva vai além do Estado-nação. A exigência de quitação da dívida não basta para despertar na parte contrária a confiança de que o novo Governo vá ser diferente, de que atuará com mais energia e responsabilidade do que os Executivos clientelistas aos quais substituiu. Tsipras e o Syriza poderiam ter desenvolvido o programa reformista de um Governo de esquerda e apresentá-lo a seus parceiros de negociação em Bruxelas e Berlim.

A discutível atuação do Governo grego não ameniza nem um pouco o escândalo de que os políticos de Bruxelas e Berlim se negam a tratar seus colegas de Atenas como políticos. Embora tenham a aparência de políticos, eles só falam em sua condição económica de credores. Essa transformação em zumbis visa a apresentar a prolongada situação de insolvência de um Estado como um caso apolítico próprio do direito civil, algo que poderia levar à apresentação de ações ante um tribunal. Dessa forma, é muito mais fácil negar uma corresponsabilidade política.

Merkel fez o Fundo Monetário Internacional (FMI) embarcar desde o início em suas duvidosas manobras de resgate. O FMI não tem competência sobre as disfunções do sistema financeiro internacional; como terapeuta, vela por sua estabilidade e, portanto, atua no interesse conjunto dos investidores, principalmente dos investidores institucionais. Como integrantes da troika, as instituições europeias também se fundem com esse ator, de tal forma que os políticos, na medida em que atuem nessa função, podem se restringir ao papel de agentes que se regem estritamente por normas e dos quais não se podem exigir responsabilidades. Essa dissolução da política na conformidade com os mercados pode explicar a falta de vergonha com a qual os representantes do Governo federal alemão, todos eles pessoas sem mácula moral, negam sua corresponsabilidade política nas devastadoras consequências sociais que aceitaram, como líderes de opinião no Conselho Europeu, por causa da imposição de um programa neoliberal de austeridade. O escândalo dentro do escândalo é a cegueira com que o Governo alemão percebe seu papel de liderança. A Alemanha deve o impulso inicial para sua decolagem económica, do qual ainda se alimenta hoje, à generosidade dos países credores que no Tratado de Londres, de 1954, perdoaram mais ou menos a metade de suas dívidas.

Mas não se trata de um escrúpulo moral, e sim do núcleo político: as elites políticas da Europa não podem continuar se escondendo de seus eleitores, ocultando até mesmo as alternativas ante as quais nos coloca uma união monetária politicamente incompleta. São os cidadãos, não os banqueiros, que têm de dizer a última palavra sobre as questões que afetam o destino europeu.

“Estão a lançar-nos no vazio. Depois do referendo será o abismo”

Às três e meia da madrugada deste sábado, Dimitris, um aposentado de 60 anos, aguardava numa longa fila diante de um caixa de multibanco no bairro de classe média de Galazi. Duas pessoas tinham iniciado uma discussão sobre a pertinência do referendo, e para Dimitris não estava claro onde se posicionar quanto ao assunto. Entre sinais de aborrecimento, alguma voz mais alta que outra e gestos de resignação e estupor, umas 15 pessoas aguardavam, num horário tão incomum, para garantir alguma liquidez, com todo o fim de semana pela frente. “Não tenho medo das restrições aos levantamentos, com uma pensão de 500 euros e outra compensatória de 400, não tenho muito a perder, mas informaram pela televisão que já tinham transferido as pensões de junho para os bancos, por isso venho retirar a minha”, explicava Dimitris, que dizia não saber ainda em que votará no referendo de 5 de julho. “Com o euro ou com o dracma as coisas vão ser igualmente más, estamos perdidos. Não decidi ainda o meu voto, mas não gosto da chantagem da Europa. Isso acontece porque a Europa não quer um Governo de esquerda.”

Nas primeiras horas depois que o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, anunciou uma consulta popular sobre a proposta das instituições credoras (a pergunta será se os eleitores aceitam ou rejeitam o texto, que Atenas qualificou sexta-feira à noite de “ultimato”), o ambiente que reinava nas ruas não era de pânico, mas sim de inquietação generalizada. Evi, uma jovem de Salônica que passa o fim de semana em Atenas, aguardava diante de outra caixa no mesmo bairro. “A verdade é que me fazia falta o dinheiro para continuar a “curtir”, mas na atual situação também prefiro ter dinheiro na mão para o que possa ocorrer nestes dias.”

A sua amiga Eva concordava: “Pânico não temos, mas temos medo de que acabem impondo controles de capital até que seja realizado o referendo, e do que possa ocorrer depois da votação”. Nenhuma das duas tinha tido tempo de decidir seu voto. “Só se passaram duas horas desde o anúncio de Tsipras, temos de ler cuidadosamente as propostas de ambas as partes, porque a verdade é que não sabemos quem pode estar certo.” Ao lado delas, outra jovem, Marianna, dava as mesmas razões e usava os mesmos argumentos que as duas amigas para explicar sua presença de madrugada, diante da caixa de multibanco.

Em Kipseli, outro bairro residencial de Atenas, a presença, na frente de um caixa, de homens e mulheres vestidos com roupas de usar em casa sugeria que tinham saído apressadamente, com o que tinham no corpo, ao ficar sabendo da convocação do referendo. Eleni Varvitis, eleitor de centro-esquerda, sustentava que, mesmo estando de acordo com a resistência do Governo de Atenas “aos ditames de Bruxelas”, “não é esta a forma” de fazer as coisas. “Pode ter um efeito contraproducente, ninguém sabe como pode terminar tudo isto, e só espero que Tsipras tenha um plano para sair mais ou menos ileso da aposta que fez”, dizia, em alusão à proposta de referendo.

Desde que foi anunciada a consulta popular, no discurso de Tsipras ao país na madrugada deste sábado, várias instituições bancárias publicaram nos seus sites comunicados avisando sobre o cancelamento de transferências e de outras operações pela internet até segunda-feira. Na manhã deste sábado, Yanis Vlajos, gerente de uma empresa, não acreditava nas mensagens que via no seu telemovel enquanto estava parado diante de um caixa próximo do mercado central. “O site do meu banco não funciona, e já fui a quatro caixas, sem resultado – já não há fundos. Obviamente, os bancos não vão repor o dinheiro até segunda-feira, se é que vão fazer isso. A proposta de Tsipras é terrível e demonstra uma estupidez enorme por parte do Governo. Eles acreditam que assim vão contentar alguém? Estão a lançar-nos diretamente no vazio, porque depois de 5 de julho aqui não haverá outra coisa a não ser o abismo.”

Vários veículos de comunicação gregos informavam ao meio-dia deste sábado que os fundos disponíveis nas caixas praticamente se esgotaram, sem que tenha sido possível confirmar essa informação com as instituições bancárias. Entretanto, às 15 horas, uma caixa nas proximidades da praça de Omonia funcionava normalmente e sem filas. Um jovem que não quis dar o seu nome aproximou-se e perguntou: “Ela tem dinheiro? Percorri metade de Atenas e não pude retirar nenhum”.

Grécia impõe restrições aos levantamentos de dinheiro; bancos e Bolsa fecham nesta segunda

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, anunciou a imposição de um controle de capital com duras restrições para sacar dinheiro dos bancos, que fecharão esta segunda-feira. Também divulgou uma mensagem tranquilizadora, na qual assegura que as pensões, os salários e a poupança dos gregos estão garantidos.

O Conselho de Estabilidade Financeira, reunido neste domingo em Atenas sob o comando do ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, e com a participação dos presidentes do Banco Central, Yanis Stournaras, e da União de Bancos da Grécia, Luka Katselli, decidiu fechar temporariamente os bancos a partir desta segunda-feira – por um período que oscilará entre dois dias e uma semana, segundo diferentes fontes – para evitar o colapso financeiro depois da convocação, pelo Governo, de um referendo, e principalmente do anúncio do Banco Central Europeu (BCE) de que não aumentará a linha de crédito de emergência para a Grécia.

Além dos bancos, a Bolsa de Atenas também não abrirá as portas nesta segunda-feira – um fechamento que pode igualmente se estender por uma semana –, como parte de uma série de medidas de exceção decididas pelo Conselho, que incluem o limite de 200 euros por pessoa para a retirada de dinheiro em caixas de multibanco, segundo várias fontes citadas por emissoras de TV.

Horas antes da confirmação do fechamento dos bancos, declarações nesse sentido feitas por Varoufakis à rede britânica BBC já haviam feito a população voltar às ruas no meio-dia deste domingo – depois de um retorno temporário da calma quando a União de Bancos da Grécia determinou, na tarde de sábado, que fossem reabastecidos com fundos todos os caixas de multibanco que tinham ficado sem dinheiro.

A iminência de uma segunda-feira trágica e as mensagens do Banco Central Europeu fizeram com que ficassem repletas de filas algumas áreas de Atenas que até então não haviam sucumbido ao nervosismo, como a praça central de Syntagma, o marco zero da cidade. Desde a tarde de sábado é bem visível a mobilização da polícia em torno de várias caixas, para evitar aglomerações e garantir a segurança dos clientes. Apenas durante o sábado saíram da Grécia cerca de 400 milhões de euros.

Os líderes da França e da Alemanha convocaram reuniões de emergência. A chefe do Governo alemão, Angela Merkel, vai se reunir nesta segunda-feira com os líderes dos demais partidos para avaliar a situação. Por sua vez, o presidente francês, François Hollande, convocou para as 9h desta segunda-feira uma reunião de emergência do Conselho de Ministros para discutir a situação na Grécia após a ruptura das negociações para a prorrogação do resgate económico.

Por enquanto, a Grécia continua conectada às linhas de crédito de emergência do Banco Central Europeu. A decisão de manter o nível atual de ajuda foi tomada neste domingo numa reunião por teleconferência dos presidentes dos bancos centrais da zona do euro. O chefe do BCE, Mario Draghi, removeu assim uma das grandes incógnitas que pairavam sobre o sistema bancário grego, informa Claudi Pérez.

Onde acertei e onde errei (por: Paul Krugman)

Recentemente, enquanto limpava o meu escritório em Princeton, percebi a natureza efémera de escrever sobre políticas: uma parte deprimentemente grande das minhas prateleiras estava cheia de 30 anos de livros sobre a transcendental década seguinte. Caramba.

Mas enquanto ia acrescentando livros à pilha de doações me surpreendi fazendo uma reflexão autor referente – e talvez auto indulgente – não sobre a década que se avizinha, mas sobre a anterior.

Vocês já sabem, passaram quase 10 anos desde que comecei a escrever sobre a crise financeira e a Grande Recessão. (É claro que, no começo, eu não sabia que, na verdade, estava escrevendo sobre essas coisas). Tudo começou com meu diagnóstico de uma bolha imobiliária nos Estados Unidos, cujo estouro eu sabia que seria muito mau, mas não tinha ideia de que seria como foi. Em todo caso, houve um arco bastante coerente e lá estava eu refletindo sobre meus acertos e meus erros.

O ponto de partida, como dizia, foi a bolha imobiliária. Certamente não fui o único a fazer soar o alarme nessa frente. O economista Dean Baker, especialmente, fez advertências muito antes e com muito mais contundência. No entanto, penso que o meu primeiro artigo sobre o assunto contribuiu ao destacar a enorme diferença entre o comportamento dos preços nos estados onde a construção estava restringida e nos demais.

Observando as médias nacionais poderia se dizer que os preços dos imóveis faziam sentido, mas quando alguém separava o conjunto adequado de estados e municípios ficava cara a cara com a loucura. E, nos anos seguintes, a bifurcação foi esmagadoramente confirmada.

Esse foi o começo. Desde então, onde acertei e onde errei?

Coisas em que acertei:

  1. A bolha imobiliária

Vale a pena lembrar com que insistência a bolha foi negada e o quanto essa negação era política; me repetiram muitas vezes que eu só dizia que havia uma bolha porque odiava Bush.

  1. A inflação, ou a ausência de inflação

Escrevi muitas vezes sobre isso, mas depois da eclosão da bolha imobiliária fui um ferrenho defensor da visão de que as políticas expansionistas da Reserva Federal não representavam nenhum risco de inflação. Isso despertou muita controvérsia, uma vez que a direita estava totalmente convencida de que a inflação estava chegando, e que parte do centro e da esquerda se sentia, no mínimo, insegura sobre o assunto.

Vi uma bolha imobiliária, sabia que as consequências seriam más, mas não tinha ideia alguma de quanto seriam más. Ignorei o aumento das operações bancárias na sombra"

  1. As taxas de juros

Nestas condições não há efeito de deslocamento (crowding out). Disse isso energicamente desde o início e sobre esse assunto houve muita hesitação entre os democratas, muitos dos quais engoliram o conto sobre os perigos do déficit, mesmo numa economia deprimida.

  1. A austeridade é prejudicial

Muitíssima gente que deveria ter tido mais critério acreditou na ilusão da fada da confiança, ou pelo menos aceitou a ideia de que os multiplicadores fiscais eram bastante baixos. Eu disse que na conjuntura atual os multiplicadores seriam altos. A pesquisa se pôs em dia com esse ponto de vista e o corroborou.

  1. Estímulo insuficiente

Avisei em seguida e repetidamente que Lei de Recuperação e Reinvestimento dos EUA de 2009 era muito limitada e que essa insuficiência teria consequências duradouras. Infelizmente, eu tinha razão.

  1. A desvalorização interna é insignificante, grosseira e longa

Desde o primeiro momento sustentei que ajustar os preços relativos na zona do euro seria extremamente difícil e que ninguém tem o tipo de flexibilidade de preços e salários que permita que a “desvalorização interna” ocorra sem sobressaltos. E que para os países que podiam realizar desvalorizações da moeda, como a Islândia, tudo seria muito mais fácil.

  1. O Obamacare é factível

É uma questão diferente, mas no meu livro de 2007, Conscience of a Liberal [A consciência de um liberal], defendi, sem originalidade, que um sistema de saúde de mandatos, regulação e subsídios no estilo da Lei de Cuidados de Saúde Acessíveis, embora não pudesse ser construído a partir do nada, funcionaria nos Estados Unidos. (Eu queria uma opção pública, mas isso é outra história).

Coisas em que errei:

  1. A magnitude do desastre

Vi uma bolha imobiliária, sabia que as consequências seriam más, mas não tinha ideia alguma de quanto seriam más. Ignorei o aumento das operações bancárias na sombra [paralelas] e não considerei a dívida das famílias e os desequilíbrios na zona do euro.

  1. A deflação

Pensei que a deflação de estilo japonês era um risco iminente em todas as economias deprimidas. Em vez disso, houve uma inflação notavelmente persistente, baixa, mas positiva.

  1. A queda do euro

Creio que a maior parte da minha análise da economia da zona do euro e de seus problemas foi muito boa (não obstante, veja mais abaixo). Contudo, superestimei em muito o risco de ruptura porque entendi mal a economia política: não percebi o quanto as elites europeias estariam dispostas a impor um sofrimento generalizado em nome da permanência na união monetária. Em relação com isso, tampouco percebi como seria fácil manipular uma melhoria econômica modesta e torná-la um sucesso, mesmo depois de anos de horror.

  1. Os efeitos da liquidez na dívida soberana

Por fim, lamento dizer que negligenciei a importância da liquidez e da escassez de dinheiro para estabelecer os preços dos títulos na zona do euro. Até à intervenção do economista Paul DeGrauwe, eu não estava consciente da enorme diferença que representaria para a Europa que o Banco Central Europeu cumprisse seu papel de emprestador de última instância. De fato, se o euro sobrevive, grande parte do mérito deve ser atribuída a DeGrauwe – e a esse tal Mario Draghi, que pôs em prática as suas ideias como presidente do Banco Central Europeu.

Eu provavelmente deixei de lado algumas coisas, embora penso que é interessante constatar quantos dos meus detratores sentem a necessidade de atacar meu histórico inventando previsões e declarações que eu nunca fiz. Embora não haja dúvida de que eu cometi erros, creio que, em geral, acertei, principalmente porque nunca deixei que as preocupações da moda me afastassem da macroeconomia básica e tentei o tempo todo aplicar as lições da história.

“Mais respeito, você está na minha casa”, diz Obama a ativista que o interrompeu

O presidente norte-americano, Barack Obama, repreendeu na quarta-feira uma ativista transexual hispânica que criticou aos gritos a deportação de imigrantes em situação irregular. “Escute, está na minha casa, não está a ser educada”, afirmou Obama ao ser interrompido pela militante num evento organizado na Casa Branca por ocasião do mês do Orgulho LGBT.

 “Não vai receber uma boa resposta interrompendo-me dessa maneira”, acrescentou o presidente, visivelmente irritado, diante dos gritos da ativista contra as deportações. Ela foi posteriormente identificada como Jennicet Gutiérrez, uma mulher transexual e que está ilegalmente nos EUA. Pouco depois do incidente, ela foi escoltada para fora da sala, sob vaias de grande parte da plateia.

De acordo com uma nota de imprensa divulgada posteriormente, Gutiérrez se definiu como fundadora da organização Família TQLM, que defende os direitos dos imigrantes homossexuais e transexuais.

Gmail permite cancelar o envio de emails,

Actualmente há coisas que podem ser recolhidas, e uma delas é o envio de e-mails, um sonho de muitos para apagar resultados de momentos de ira ou de confusão com os contatos da agenda.

Até agora, a margem de tempo para desfazer essa operação era mínimo. Mais precisamente, do momento em que o botão de envio era pressionado até a chegada ao destinatário. O Google, líder mundial de gestão de e-mails, graças ao Gmail, sempre esteve consciente do desejo de que fosse possível abortar a operação depois de enviada a mensagem. Por isso, há seis anos já oferecia como opção em teste a possibilidade de retardar o envio, embora o sistema não garantisse a sua eficiência. Esse sistema se baseava num chapeuzinho amarelo sobre o símbolo do email, dando a opção de clicar nele quando se pretendia cancelar o envio.

O Google aperfeiçoou o método depois de seis anos, um período mais do que razoável para corrigir os erros, e agora permite que qualquer usuário possa impedir o envio de um email. Para ativá-lo, basta ir ao canto superior direito, em Configurações, e procurar Desfazer envio. Pode-se determinar entre 5, 10, 20 ou 30 segundos o tempo em que os e-mails ficam no limbo. Depois disso, não há volta atrás.

O aplicativo Inbox, uma versão atualizada do Gmail básico, também já permite.

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