A razão pela qual existem gays e lésbicas continua a intrigar alguns cientistas e milhares de usuários da internet que compartilham dúvidas e teorias absurdas que às vezes só perpetuam falsos estereótipos e crenças sobre esse grupo. Eis aqui algumas delas,
- Comer frango. O presidente boliviano Evo Morales disse em um comício que os homens que comem frango com hormonas“têm um desvio em seu ser como homens”.
- Fazer xixi no final de um arco-íris, de acordo com uma lenda que corre em Hellín, na cidade espanhola de Albacete.
- Ter pais homossexuais. Em 2003, quando o político socialista Rafael Simancas quase ocupou a presidência da Comunidade de Madrid, prometeu rever a lei de casais de fato para que incluísse os casais homossexuais. Diante do anúncio, o jornal ultra-conservador La Razón publicou uma reportagem – replicada por vários sites católicos como Catholic.net– em que vários especialistas desaconselhavam essa opção: “Com dois anos, uma criança ignora conscientemente se é homem ou mulher Essa identidade é aprendida com aqueles que estiverem ao seu redor na infância. Por isso a criança tem o direito de ser formada em uma família”, dizia uma das especialistas citadas.
- Fumar durante a gravidez. Dick Swaab, professor de neurobiologia da Universidade de Amsterdão, publicou um estudo em 2014 sugerindo que o consumo de álcool e drogas durante a gravidez podia reduzir o QI do bebê. Além disso, afirmou que as hormonas sintéticas e o fumo aumentavam a possibilidade de que as meninas fossem lésbicas ou bissexuais, segundo publicou o jornal The Telegraph.
- Ruby Rose. A atriz australiana, a mais recente novidade no elenco da série Orange Is the New Black, provoca a mesma atração em homens e mulheres com sua atitude, explica o The Huffington Post.
- Tinki Winky dos Teletubbies. A Defensora dos Menores da Polônia, Ewa Sowinska, anunciou em 2007 que os psicólogos iriam estudar se um dos Teletubbies, o arroxeado Tinky Winky, promovia ou não a homossexualidade entre as crianças. Sowinska voltou atrás dias depois por meio do seu porta-voz.
- O Pokemon torna você gay. A igreja norte-americana Credo Dollar Ministry, de Atlanta, acredita que esse desenho animado perverteu a sexualidade dos adolescentes de 1985 até a década de 1990 devido à relação entre o herói Ash e seu companheiro Brock. O portal cristão de notícias Christian News também acrescentou que os nomes e “as formas fálicas” dos Pokemon “empurram os jovens para a homossexualidade”.
- Fumar canabis. Um estudo da Universidade Popular Autónoma do Estado de Puebla, no México, garante que fumar canabis diminui os níveis de testosterona no organismo e isso pode levar a ter tendências homossexuais.
- Ouvir Adele. John Smid, médico do Texas, entrevistado num programa da emissora de televisão britânica Channel 4, constatou que as canções da cantora britânica podem mudar as tendências sexuais.
- Comer soja. A comunidade judaica ultraortodoxa Gur Hasidim afirmou em 2013 que comer soja faz você se tornar gay.
- Frozen: “Às vezes alguém se pergunta se aqui está acontecendo algo nocivo... Eu me pergunto se as pessoas estão pensando: 'Acho que esse pequeno e encantador filme vai doutrinar a minha filha de 5 anos para ser lésbica ou para que a homossexualidade e o bestialismo sejam vistos positivamente’”, disse o pastor Kevin Swanson, da Igreja da Reforma, em seu programa de rádio que vai ao ar no Colorado, segundo publicou o portal BBC Mundo.
- A água. O prefeito de Huarmey, no Peru, advertiu os habitantes da cidade que a água da torneira pode transformá-los em homossexuais, pois contém níveis elevados de estroncio, que “reduz as hormonas masculinos”, segundo o diário Público.
- Os supositórios. Um médico substituto do Centro de Saúde de Breda, em Girona, se recusou a prescrever supositórios para um menino de 13 meses que tinha febre porque, como explicou à mãe, se receitados desde a infância “podem induzir a homossexualidade”, publicou em 2005 o portal Libertad Digital.
- Este artigo. Atenção! Talvez depois de ler este artigo você já seja gay.
Tsipras e Syriza conquistaram uma grande vitória no referendo, ganhando força para o que quer que venha depois. Mas não são os únicos ganhadores: diria que a Europa, e o conceito de Europa, conseguiram uma grande vitória e se esquivaram de um tiro.
Sei que a maioria não pensa igual. Mas pensemos assim: acabamos de ver a Grécia se levantar contra uma campanha de assédio e intimidação, uma tentativa de colocar medo nos gregos não apenas para que aceitassem as exigências dos credores, mas também para que desfizessem do seu Governo. Foi um momento vergonhoso na história moderna da Europa e, caso tivesse prosperado, teria aberto um precedente feio.
Mas não prosperou. Não se tem que amar o Syriza ou achar que sabe o que faz –não está claro se sabe, apesar de a troika ter feito ainda pior— para acreditar que as instituições europeias acabaram de ser salvas de seus piores instintos. Se a Grécia tivesse sido forçada pelo medo às consequências financeiras, a Europa teria pecado de tal forma que mancharia sua reputação por gerações. Dentro de algum tempo possivelmente recordaremos disso como uma aberração.
E se a Grécia acabar saindo do euro? Nesse momento há, efetivamente, boas razões para o Grexit, mas, em todo caso, a democracia importa mais do que qualquer acordo monetário.
Mudar alguns hábitos está ao alcance de todos. Para isso, são necessários dois ingredientes importantes: escolher uma mudança que seja coerente com sua escala de valores e treinar até que se torne um hábito. Pouco além disso.
Nada é “obrigatoriamente” para sempre, sequer o que se escolheu como hobby, profissão ou local de residência. A ideia de que podemos ser quem desejamos, praticar novos desportos, aprender outras culturas, experimentar todas as gastronomias, ter outros círculos de amigos... transforma uma vida parada em outra, rica em oportunidades e variedade.
O cérebro é plástico. As pessoas evoluem, desejamos mudar, crescer interiormente, e estamos capacitados para isso. Ficaram para trás as teorias sobre a morte dos neurônios e os processos cognitivos degenerativos. Hoje sabemos que os neurônios geram novas conexões que permitem aprender até o dia em que morremos. A plasticidade cerebral demonstrou que o cérebro é uma esponja, moldável, e que continuamente vamos reconfigurando nosso mapa cerebral. Foi o que disse William James, um dos pais da psicologia, em 1890, e todos os neuropsicólogos hoje em dia confirmam as mesmas teorias.
O próprio interesse por querer mudar de hábitos, a atitude e a motivação, assim como sair da zona de conforto, convidam o cérebro a uma reorganização constante. Esse processo está presente nas pessoas desde o nascimento até a morte.
Nesta sociedade impaciente, baseada na cultura do “quero tudo já e sem esforço”, mudar de hábitos se tornou um suplício. Não porque seja difícil, mas porque não abrimos espaço suficiente para que se torne um hábito. Não lhe passou pela cabeça alguma vez que, ao começar uma dieta, as primeiras semanas são mais difíceis de do que quando já está praticando há algum tempo? É resultado desse processo. No início seu cérebro lembra o que já está automatizado, o hábito de beliscar, comer doce ou não praticar exercício, até que se “educa” e acaba adquirindo as novas regras e formas de se comportar em relação à comida.
“Todo homem pode ser, se assim se propuser, escultor de seu próprio cérebro"
A neurogénese é o processo pelo qual novos neurônios são gerados. Uma das atividades que retardam o envelhecimento do cérebro é a atividade física. Sim, não só se deve praticar exercícios pelos benefícios emocionais, como o bem-estar e a redução da ansiedade, ou para ficar mais atraente e forte, mas porque seu cérebro se manterá jovem por mais tempo. Um estudo do doutor Kwok Fai-so, da Universidade de Hong Kong, correlacionou a corrida com a neurogénese. O exercício ajuda a divisão das células-tronco, que são as que permitem o surgimento de novas células nervosas.
Existem outras práticas, como a meditação, o tipo de alimentação e a atividade sexual que também favorecem a criação de novas células nervosas.
Uma vez que a reorganização cerebral é estimulada ao longo de toda a vida, não há uma única etapa em que não possamos aprender algo novo. A idade de aposentadoria não determina uma queda, nem completar 40 ou 50 anos deveria ser deprimente. Todos que tiverem interesse e atitude em relação a algo estão em boa hora, poderão aprender, treinar e tornar-se especialistas independentemente da idade. Se você é dessas pessoas que se dedicaram durante a vida a uma profissão com a qual viveram relativamente bem, mas ficaram com o desejo de estudar Antropologia, História, Exatas, Artes Plásticas ou o que for, pode começar agora. Não há limite de idade nem de tempo para o saber.
Não deixe que sua idade o limite quando seu cérebro está preparado para tudo. A mente se renova constantemente graças à plasticidade neuronal.
Até há pouco tempo pensava-se que modificar e automatizar um hábito exigia 21 dias. Otimismo demais! Um estudo recente de Jane Wardle, do University College de Londres, publicado no European Journal of Social Psychology, afirma que para transformar um novo objetivo ou atividade em algo automático, de tal forma que não tenhamos de ter força de vontade, precisamos de 66 dias.
Sinceramente, tanto faz se forem 21 ou 66! O interessante é que somos capazes de aprender, treinar e modificar o que desejarmos. O número de dias é relativo. Depende de fatores como insistência, perseverança, habilidades, das variáveis psicológicas da personalidade e do interesse. A mudança está em torno de dois meses e pouco. O que são dois meses no ciclo de nossa vida? Nada. Esse tempo é necessário para sermos capazes de fazer a mudança que desejamos. E isso nos torna livres e poderosos.
Essa é vista por muitos como a opção mais provável, mesmo após Tsipras ter dito que o resultado não significava uma ruptura com a Europa.
O problema é que muitos de seus colegas europeus viram o plebiscito como o fim do caminho – e acreditam que é chegada a hora de uma decisão rápida.
Ministros alemães, assim como líderes da Itália e da França, interpretaram a votação como um referendo sobre permanecer ou não com o euro.
O vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, disse, no domingo à noite, que o primeiro ministro grego havia "queimado as últimas pontes entre a Europa e a Grécia que poderiam levar a um acordo".
Há diversas reuniões marcadas para os próximos dias entre líderes e ministros da zona do euro, mas o clima não é de otimismo.
O presidente do Eurogrupo (que reúne os ministros das Finanças dos países que usam o euro como moeda), Jeroen Dijsselbloem, disse que, "para recuperar a economia grega, reformas e medidas difíceis serão inevitáveis" e que o grupo "aguarda pelas iniciativas das autoridades gregas".
Eva Kopacz, disse que o referendo foi "um provável novo estágio em direção à saída de Atenas do Euro".
Cenário 2 - Colapso dos bancos gregos
Outra grande incógnita nesses acontecimentos é o futuro dos bancos gregos, que foram fechados em 29 de junho.
O governo grego prometeu que uma vitória do "não" levaria à reabertura dos bancos, na terça-feira. Mas o Banco Central Europeu não deve abrir a torneira do apoio financeiro que dá aos bancos gregos - e a sobrevivência dos bancos é uma questão de dias.
Uma das opções é os bancos reabrirem com uma moeda paralela até a reimplantação da antiga moeda grega, o dracma.
Por outro lado, a situação de queda livre da economia grega pode persuadir os europeus a recapitalizar o sistema bancário do país. Mas isso traria consequências políticas para outros países da zona do euro, como a Espanha, onde há turbulentas disputas políticas sobre o implemento de medidas de austeridade.
Mas muitos são contra a novas injeções de dinheiro aos bancos gregos, especialmente após o calote da dívida ao FMI, e com "recados" de autoridades: "A rejeição das reformas pelos gregos não pode significar que eles vão obter dinheiro mais facilmente", disse o ministro das Finanças da Eslováquia, Peter Kazimir.
Cenário 3 – Líderes europeus entram em acordo e evitam o colapso bancário
Parece pouco provável, mas o primeiro ministro grego já forneceu detalhes sobre um novo acordo e novas reformas, que não seriam tão distantes das propostas pelos credores.
Tsipras não quer apenas mais dinheiro. Nas mesas de negociações, ele também estará armado com um relatório do FMI, publicado três dias antes do plebiscito, que diz que a Grécia precisa de um considerável perdão da dívida e também de 50 bilhões de euros nos próximos três anos.
Além disso, para os bancos serem recapitalizados, a Grécia precisaria de acesso ao fundo permanente de resgate da zona do euro, que oferece taxas de juros mais baixas e termos de pagamento facilitados. Mas a essa altura, é difícil de se imaginar essa possibilidade.
As decisões que serão tomadas em Atenas vão afetar a Europa. Só que não tanto quanto as que serão tomadas em Moscovo. O Governo de Vladimir Putin tem os recursos, as armas e os estímulos para desestabilizar a Europa —e além dela. As más relações entre a Europa e a Rússia ainda não atingiram o nível da crise que há com a Grécia, mas caso continuem as tendências atuais, os conflitos com a Rússia farão esmorecer a atual crise helénica. Entre outras coisas porque os atritos com a Grécia são essencialmente económicos, ao passo que os problemas com a Rússia emanam de profundas discordâncias a respeito do significado e do valor da democracia. Para Europa e Estados Unidos, a democracia é um valor existencial. Para os atuais líderes russos, é um aborrecimento que pode ser contornado. Para o Kremlin é fácil e natural aparentar ser democrático sem o ser. Além disso, é complicado ser um Governo verdadeiramente democrático quando a economia está em crise e o país declina.
Segundo Strobe Talbott, um respeitado especialista, “Putin arruinou a economia da Rússia, reduziu sua influência internacional, conteve sua modernização, transformou vizinhos em inimigos e revitalizou a NATO”. Serguéi Ivanov não concorda. Para o ex-agente da KGB, agora chefe de gabinete de Putin, “os Estados Unidos e seus aliados são uma ameaça à Rússia. Com a desculpa de promover a democracia, o que realmente tentam é derrubar os regimes que não conseguem controlar”.
Isso implica que Putin, para defender seu país, tenha sido obrigado a apoiar rebeldes pró-Rússia em países como a Ucrânia e a Geórgia, nos quais agentes de potências estrangeiras estavam intervindo, disfarçados de ativistas democráticos. Seus críticos argumentam que esses “rebeldes pró-Rússia” não são mais que integrantes do Exército russo que, sem as insígnias que os identificam como tais, são infiltrados pelo Kremlin nos lugares onde a instabilidade favorece as suas aventuras bélicas expansionistas. Obviamente, o mundo seria muito mais estável se em vez desses crescentes conflitos nas relações do gigante russo com a Europa e com os EUA houvesse uma distensão e a busca de mais harmonia. Infelizmente, as hipóteses disso acontecer é muito baixa.
As razões para que os atritos continuem são várias, mas a principal tem relação com a diferença que existe entre a Rússia e as democracias ocidentais a respeito das razões pelas quais proliferaram os protestos de rua contra os Governos. Putin e a elite política de seu país estão convencidos de que esses protestos são artificiais e surgem de um diabólico e secreto plano dos EUA e de seus aliados europeus. As revoluções coloridas que no início deste século depuseram ou desestabilizaram múltiplos governos, da Ucrânia à Geórgia, ou as da primavera árabe, são vistas pelo Kremlin como exemplos de um novo tipo de ameaça que paira sobre a Rússia: a nova forma que os seus adversários têm para atacá-la. Segundo Serguéi Lavrov, ministro das Relações Exteriores, “é difícil resistir à impressão de que o objetivo das várias revoluções coloridas e outros esforços para depor Governos incómodos seja provocar caos e instabilidade”. Na Assembleia Geral da ONU, Lavrov propôs que fosse declarada inaceitável a interferência nos assuntos domésticos de Estados soberanos e que nenhum país devesse reconhecer mudanças de Governo provocadas por um golpe de Estado.
Iván Krastev, um arguto observador, notou que o temor do Kremlin em relação aos protestos de seu próprio povo fez que “Moscovo, que uma vez foi o combativo centro da revolução comunista mundial, tenha agora se transformado no mais feroz defensor dos Governos cujos cidadãos protestam nas ruas”. Segundo Krastev, o que a Rússia exige das democracias ocidentais é algo que nenhum Governo democrático pode prometer: que a Rússia de Putin não será sacudida por protestos em massa de uma população que rejeita o modelo político e económico imposto. E que, caso haja tais protestos, os Governos ocidentais e os meios de comunicação os condenarão, apoiando dessa maneira os que mandam no Kremlin. A premissa dessa exigência é que os protestos jamais aconteceriam de forma espontânea, sem a intervenção de potências estrangeiras e sem que tenham líderes claramente definidos.
De Hong Kong ao Brasil, e da Tunísia ao México, há provas avassaladoras de que o Kremlin está errado. Os protestos são espontâneos, não têm organização hierárquica nem respondem a uma coordenação central. Muitas vezes nem têm líderes permanentes. No que Putin e seu grupo não se equivocam é em temer que algum dia milhões de russos fartos deles saiam às ruas para exigir um futuro diferente.
O drama existencial que para muitos gregos representou a convocação do referendo se traduzia neste domingo no choro de Petrula Diamantopulu, professora reformada e moradora de Kipseli, bairro de classe média de Atenas, o mesmo em que reside —e vota— o primeiro-ministro, Alexis Tsipras. A escolha de Diamantopulu não foi entre o sim e o não, e sim entre a cabeça e o coração. Eleitora habitual do Syriza, partido no qual garante que continuará a votar nas próximas eleições, inclinou-se para o sim após uma discussão de tom quase épico consigo mesma, com sua ideologia e sua trajetória “e a favor de uma ilusão”.
“Tomar esta decisão me fez chorar, e votei sim com tristeza, porque além de tudo acho que as duas opções são igualmente más para o país, mas, na minha opinião, o sim pode nos dar um pouco de alento para superar esta catástrofe”, contava no pátio da escola número 15 de Atenas. “Votei sim ainda que sabendo perfeitamente que as medidas propostas pelos credores são muito duras e que este país não tem resistência nenhuma, nem econômica nem de alma, para suportar mais cortes... Mas votar não seria bater diretamente a porta na nossa própria cara. Contra o que me pedia o corpo, votei dessa maneira apenas para que haja alguma chance de lidar com a situação. E nas eleições gerais continuarei a votar no Syriza”, acrescentava, visivelmente abatida, engolindo o sapo do seu voto.
No mesmo local de votação, Nina, outra reformada, de 80 joviais anos, expunha suas razões para votar da mesma forma. “Na família somos todos da Nova Democracia [partido defensor do sim na consulta] há gerações... Por isso ia votar sim, com esta situação tão desastrosa, em que o Governo nem sequer sabe tomar decisões... Tsipras tomou um lado e deixou o problema para nós”.
Mas a razão verdadeira de seu voto era o medo do futuro e o porvir dos seus. “Também votei sim porque tenho filhos e netos, e isso tudo me preocupa, parece muito mau”, admitia. De improviso entra na conversa Eli, outra pensionista, de 82 anos. “E nós outros, não temos filhos ou netos? Só os votantes do sim têm direito a se preocupar com o futuro?”
A resposta de Nina não demora a se transformar numa intensa, mas polida, troca de opiniões entre as duas mulheres, no que parece várias vezes um conceito que marcou a campanha e, com todas as hipoteses, o futuro imediato da Grécia: a divisão, o corte do país em duas partes, a polarização, em resumo. “Vivi a guerra civil, por isso não tenho nenhum medo de uma nova divisão do país”, sustentava Eli, que admitia abertamente ter votado não. “Porque não quero, para mim nem para os meus, outros cinco anos, no mínimo, de novas medidas de austeridade e cortes, desse remédio do qual já tomamos bastante.”
As duas mulheres se engajam num apaixonado, mas cortês, debate, que termina quando Nina brande o fantasma de guerra civil que durante a campanha contagiou até algumas manchetes sérias de imprensa e programas televisivos. “Com esses argumentos é melhor não perder tempo, não vamos nos entender”, diz discretamente Eli.
A divisão do país em duas metades era também a maior preocupação, “até mais que a situação econômica”, de Georgía, de 39 anos, longamente desempregada, que ao meio-dia deste domingo votava numa escola do bairro de Exarjia. “Não decidi ainda meu voto, para dizer a verdade”, explicava no pátio. “Vou fazer isso com o coração, não com a cabeça.” As duas opções lhe pareciam iguais, “nenhuma tem nada bom, somente uma nova fase de dificuldades, mas estamos acostumados a isso... O que mais me preocupa é a divisão do país, foi a primeira sensação que tive quando Tsipras convocou o referendo. Felizmente o povo grego está dando uma lição de serenidade, não houve nenhum incidente, apenas calma e sensatez. Mas vamos ver o que acontece...”
Numa outra escola, dois eleitores da faixa dos vinte e poucos anos, Dimitris (arquiteto que ganha 8.000 euros, por ano) e Petros (estudante universitário na Escócia), que se confessam “ferrenhos partidários do euro e da Europa", revelavam seu voto, negativo. “Acreditamos na democracia, e a atitude dos parceiros não é, em absoluto, democrática. Acreditamos no valor do diálogo e da negociação, que sempre são algo positivo, e estamos seguros de que a partir de hoje se retomará o processo de forma mais decisiva e, pela primeira vez, em pé de igualdade”, dizia Dimitris. “Se o não ganhar, claro”, completava Petros.
Sou homossexual e me dá medo pensar no futuro e na rejeição das pessoas”. Esta frase, que na boca de qualquer adulto certamente seria dolorosa, adquire contornos trágicos se a atribuirmos a um menino de dez anos. E se além disso o autor dessas palavras se atreve a dar o passo de compartilhar sua inquietação no Facebook e os responsáveis pela rede social decidirem censurar seu drama, o escândalo não pode ser maior. Foi isso o que aconteceu na tarde de sexta-feira na célebre página Humans of New York, uma das mais populares do Facebook. Essa balbúrdia digital seguida por 13 milhões de usuários há anos publica imagens de nova-iorquinos anónimos que desejam compartilhar algum detalhe da sua vida. E na sexta foi em torno de um rapaz – cujo nome não foi divulgado por razões óbvias – e do medo que lhe causam as consequências de sua condição sexual.
Por alguma razão ainda desconhecida, os responsáveis pelo Facebook pensaram que a foto e o comentário que a acompanhava violavam as políticas de privacidade e integridade moral da rede social e decidiram censurar a publicação. Imediatamente, Brandon Stanton, criador da Humans of New York, relatou o fato na sua conta e mostrou seu desacordo: “Parece que o Facebook decidiu apagar a corajosa declaração do garoto e, além disso, me avisaram que não deveria subir outros comentários semelhantes. Só espero que tudo isso seja um mal-entendido”. A reação dos seguidores da página não demorou e logo demonstraram toda sua raiva pelo que consideraram um acontecimento lamentável.
A verdade é que a imagem não tinha nus nem palavras capazes de ofender ninguém com pelo menos dois neurónios. Pelo contrário, uma imagem assim só desperta sentimentos de compaixão e amor. De fato, antes que a imagem fosse apagada, a própria Hillary Clinton deixou uma mensagem carinhosa de apoio ao menino: “O seu futuro vai ser incrível. Você vai acabar se surpreendendo com tudo que vai ser capaz de conseguir. Cerque-se sempre de pessoas que gostem de você e acreditem em você – vai encontrar muitas delas”.
A fúria provocada pela intervenção do Facebook atingiu um nível tão alto que poucas horas depois do lamentável incidente a imagem foi republicada. Ninguém consegue explicar a falta de raciocínio da empresa de Mark Zuckerberg, especialmente por ela ter sido a primeira a aderir nesta semana à celebração do Orgulho LGBT e à legalização do matrimónio igualitário nos Estados Unidos. Mas, como sempre, não há mal que não venha para o bem: a enxurrada de apoio recebida pelo menino na página Humans of New York com certeza lhe serviu para perceber que apesar de tudo há um exército de pessoas zelando para que sua felicidade esteja assegurada no futuro.
O sr. Ernesto Silva, com o NIF 220 976 279, de Gondomar, lançou umalerta no Facebook sobre cadeia de hipermercados portuguesaContinente, que acabou por se tornar viral no Facebook. Leiam epercebam a possível 'burla' que pode estar a acontecer em todo o país.GRANDE ERNESTOErnesto Silva - ler o documento
The Hungarian government is so concerned about the number of young Hungarians leaving the country that it is offering to fly them home and pay them to stay.
“Come home, young person!” is a new program aimed at persuading Hungarians living abroad to return to their home country. A Hungarian government event in London on June 28 to promote the program touted its promise of a free return flight, a 100,000 forint monthly allowance (about $350) for a year, and the possibility of a job close to family, Hungary Todayreports.
Szabolcs Pakozdi, managing director of Hungary’s job placement office, stressed to the audience that participants were not obligated to work in the country for a specific period of time.
The Hungarian Central Statistics Office estimates that 31,500 Hungarians left the country in 2014, a 46% increase over 2013, Reuters reports. In total, there are thought to be 350,000 Hungarians working abroad, most of them young singles. Many profess to be uncomfortable with the country’s abrupt political shift to the right under Prime Minister Viktor Orban.
In response, former street artist Gergo Kovacs ran a successful crowdfunding campaign the first week of July to put up enormous posters around the country. “If you come to Hungary,” read one, “Could you please bring a sane Prime Minister?”
O analista britânico Matthew Lynn afirma esta quarta-feira na sua coluna de opinião no WSJ Market Watch que o nível de dívida pública portuguesa, acima dos 130%, poderá ser já “insustentável”.
No artigo em causa, “Forget Greece, Portugal is the eurozone’s next crisis“, Lynn salienta que Portugal tem o maior índice de dívidapublica em percentagem de PIB na zona Euro, e que a maior parte da dívida é detida por estrangeiros.
Segundo o financeiro, a economia portuguesa não se encontra no estado de permanente crise da economia grega, que “está nos cuidados intensivos”, mas não parece capaz de conseguir uma recuperação sustentada.
Portugal, diz Lynn, “ainda está em sarilhos“, e poderá ter que enfrentar uma situação de incumprimento. Lynn antecipa mesmo que as eleições legislativas de Outubro poderão despoletar uma segunda crise em Portugal.
“À superfície, Portugal parece estar muito melhor do que há três anos, depois de ter saído com êxito do programa de assistência da troika“, continua o analista, “e a economia parece estar a crescer”.
Se, depois da Irlanda, também Portugal conseguir efectivamente recuperar da crise, “será uma vitória estrondosa para a União Europeia e para o FMI”, cuja receita baseada em austeridade se revelou “umacatástrofe” na Grécia.
O problema, diz Lynn, é que Portugal poderá afinal não estar salvo.
Segundo o analista, a evolução positiva de alguns dos principais indicadores económicos – consumo, desemprego, exportações, investimento – parecem não ser sustentadas.
Mas o verdadeiro problema, defende o cronista, é mesmo a dívida.
Portugal tem uma dívida pública de 130% do PIB, e 70% dela é detida por estrangeiros.
Até há países, como a Finlândia ou a Letónia, com maior percentagem de dívida detida por estrangeiros. Mas têm muito pouco endividamento. Itália, por outro lado, tem uma enorme dívida pública – mas quase toda contraída internamente.
O problema agrava-se quando se junta à equação o endividamento das empresas e das famílias. Somados os três indicadores, Portugal tem a maior dívida da zona Euro – maior ainda que a da Grécia.
“A certa altura”, diz Matthew Lynn, “todos esses credores estrangeiros vão perceber que poderão ter que perder parte dessa dívida. Quando tal acontecer, haverá uma corrida para vender dívida portuguesa”.
“E as eleições que estão à porta podem ser o rastilho para essa corrida“, conclui.
Traçado o relato de um país que é uma bomba-relógio com data marcada para Outubro, resta a Portugal contrariar esta visão e confirmar que saiu mesmo da crise.
Até porque já antes se chamou tal coisa a Portugal e a bomba ainda não explodiu.